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Matéria 9416, publicada em 26/02/2010.


: Emanoele Girardi

Rogério Giessel levantou questões ignoradas pela imprensa

Pesquisa aborda o Caso Gabrielly e suas contradições

Francine T. Ribeiro



Às 17 horas de quinta-feira (25 de fevereiro), o acadêmico de Jornalismo Rogério Giessel mostrou em sua monografia as contradições de um caso que aconteceu em Joinville e chocou o Brasil em 2007: a morte da menina Gabrielly Cristina Eichholz. Intitulado “Caso Gabrielly: entre a investigação e a omissão”, o trabalho orientado pela professora Marília Maciel foi avaliado por Luis Fernando Assunção e Lara Lima, obtendo nota 8,0.

No início da apresentação, Rogério reforçou que objetivo principal de seu trabalho era explicitar a ausência de jornalismo investigativo na cobertura dada ao caso e apresentou brevemente sua história. Para ele, o cotidiano das notícias não preza mais pela checagem. “Ninguém discorda daquilo”, afirmou o acadêmico. Segundo Rogério, há um comodismo dos profissionais e não são procurados outros ângulos da informação. Ele relatou que, durante a elaboração de sua monografia, muitos o paravam e questionavam se o trabalho era em defesa de Oscar Gonçalves do Rosário – suspeito detido, julgado e condenado pela morte da menina. Rogério foi enfático em afirmar que seu objetivo era revelar a omissão da imprensa diante o fato.

Sobre o crime cometido contra Gabrielly, o estudante lembrou que o jornal Gazeta de Joinville disseminou dúvidas sobre o que realmente aconteceu no caso. A representação de Rosário durante a reconstituição do crime foi uma pré-condenação e o fato de ser apontado outro suspeito nunca foi citado pela imprensa. O estudo de Rogério também mostrou outras omissões da imprensa na cobertura do caso: a prisão realizada sem mandado e a não realização de exames de DNA. “A confissão bastou para a polícia e a imprensa”, reforçou o pesquisador. Segundo o acadêmico, a própria promotoria apresentou contradições, não levando em conta vários fatos.

A Gazeta de Joinville levantou outra questão curiosa reiterada por Rogério: Mauricio Eskudlark, Paulo César Ramos de Oliveira e Dirceu Silveira Júnior, delegados envolvidos no caso Gabrielly, são os mesmos personagens do caso do “maníaco da bicicleta”, outro evento em que as relações entre a polícia e a imprensa foram marcadas pelos enganos e pelas omissões. Citada na monografia, a desembargadora Salete Sommariva também apontou erros no caso Gabrielly e pediu a anulação do julgamento. Foram percebidas contradições nos depoimentos e imprecisões nos laudos.

Ao fim de sua apresentação, Rogério reforçou seu objetivo de mostrar a violação dos direitos do acusado e a omissão dos jornais no caso. Para ele, a imprensa deveria mostrar as lacunas deixadas na apuração e na investigação dos fatos e não apenas reproduzir as informações dadas pela polícia.

Para Luis Fernando, o texto de Rogério estava fluente. Na opinião do professor, foi percebida a presença do repórter durante o caso, o que deu maior bagagem de informação para a elaboração da pesquisa. Luis Fernando sugeriu o uso de outros autores que confrontassem aqueles utilizados por Rogério na introdução da monografia e destacou como ponto negativo a falta de distanciamento do acadêmico, o que fez com que o trabalho fosse iniciado com uma ideia pré-concebida. O avaliador também pontuou a ausência de autores que de fato representavam o jornalismo investigativo.

Lara se impressionou com a relação de Rogério com o objeto de estudo. A arguidora percebeu que a descrição dos jornais que realizaram a cobertura do caso, apresentada no trabalho, mostrou o papel de cada um deles. Sugeriu que Rogério apresentasse mais clareza em seus objetivos e fosse econômico nas palavras.

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