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Matéria 9880, publicada em 06/08/2010.


Cada pai a sua maneira

Emanoele Girardi



Em 1909, a norte-americana Sonora Louise Smart Dodd decidiu homenagear seu pai, Wiliam Smart. Veterano da guerra civil, o viúvo criou seis filhos, sozinho. Como forma de reconhecimento, o dia do pai foi comemorado em 19 de junho de 1910 em Washington, Estados Unidos. Em 1972 o presidente norte-americano, Richard Nixon, proclamou oficialmente o terceiro domingo de junho como Dia dos Pais.

No Brasil, a data é mais recente. O primeiro Dia dos Pais foi comemorado no dia 16 de agosto de 1953, dia de São Joaquim, o patriarca da família na Igreja Católica. Em 1955 o grupo Emissoras Unidas (na época formado por: Folha de S. Paulo, TV Record, Rádio Pan-americana e a extinta Rádio São Paulo) organizou um grande show de auditório que acabou por oficializar a festa. Foram premiados no programa, o pai mais novo, Natanael Domingos, de 16 anos; o pai mais velho, Silvio Ferrari, de 96 anos; e Inácio da Silva Costa, de 67 anos, como o campeão em número de filhos, um total de 31. Por motivos comerciais a celebração foi transferida para o segundo domingo de agosto, diferente da Europa e dos Estados Unidos.

A data é a mesma, mas as famílias e os pais mudaram. Pais biológicos, pais adotivos, pais separados, pais solteiros, pais casados, pais com um só filho ou pais com muitos filhos. Independente do tipo de pai, eles têm algo em comum: filhos.

Pai de coração

Angenor Cagneti tem 46 anos, é especialista da qualidade em uma empresa, é casado e até o começo deste ano, tinha dois filhos: Tiago, 19 anos e Carina, 17. Mas, em 2010 seu dia dos pais será comemorado com uma família maior. Depois de um tempo amadurecendo a ideia, ele adotou duas meninas: Ana Joice, 8 e Ana Alice, 6.

Segundo ele, a vontade de adotar uma criança sempre existiu, mas esperaram até os filhos terem maturidade suficiente, para ser uma decisão da família. Em setembro de 2009 entraram com o processo de adoção, eles queriam uma filha com idade entre 2 e 6 anos. Em fevereiro deste ano o juiz decretou que estavam aptos a entrar na fila única de adoção, porém, só em maio receberam a intimação do oficial de justiça. Dez dias depois souberam da Ana Alice, mas descobriram que ela tinha uma irmã. Eles conversaram e souberam do histórico das meninas e resolveram conhecê-las. “Foi amor a primeira vista”, conta.

A adoção foi um tanto escondida, porque conforme Cagneti, eles não queriam que as pessoas ficassem questionando ou criticando a decisão deles de adotar duas crianças, já tendo dois filhos grandes. “A gente sempre pensou em dar oportunidade, carinho de pai e mãe que elas não tiveram... Dar oportunidade de vida”, explica.

As meninas não tiveram dificuldades em se adaptar, desde o segundo dia juntos elas já chamavam a mãe, o pai e os irmãos. Neste primeiro dia dos pais juntos, as meninas já estão a semana inteira buscando o presente.

A guarda ainda é provisória, mas o afeto e a família já são definitivos. “Pra nós, o momento da adoção foi a mesma emoção de quando o Tiago e a Carina nasceram, não muda nada.” O pai lembra a responsabilidade de adotar uma criança e enfatiza que é ainda maior do que quando se tem um filho biológico.

Pai para todos

A rotina de um pai separado não é fácil, geralmente não conseguem estar tão presentes quanto gostariam. Mas o dia a dia de um pai separado do primeiro casamento, que tem mais dois filhos do atual casamento pode ser ainda mais complicado.

Dividir a atenção do herói da casa não é um problema para os filhos de Airson Dário Dalprá. O vendedor tem dois filhos do primeiro casamento, Fernando, 22 anos e Felipe, 17; com quem já não tem muito contato. E do atual casamento ele tem Alisson, de 12 anos e Allan, de 6. Os quatro filhos se tratam como irmãos e se dão bem. Apesar do distanciamento com o filhos mais velhos Dalprá fala que a relação deles é muito consistente. “Eu sempre ligo pra eles, eles vêm me visitar eu vou visitá-los... Tentamos conciliar da melhor maneira possível, quando o relacionamento é bom fica fácil”, disse.

Com quatro filhos e uma neta, Airson declara o orgulho de ser pai: “Ser pai é tudo de bom, ainda mais quando se tem filhos abençoados. É uma satisfação enorme.”

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