Da grande quantidade de e-mails que recebia na empresa, Jéssica Forster criou seu tema de monografia. A acadêmica de Jornalismo recebeu nota 9,0 por sua pesquisa qualitativa e quantitativa orientada por Maria Elisa Máximo em defesa realizada quarta-feira (5 de agosto). A aluna falou sobre a estrutura organizacional e os aspectos de controle desencadeados pelo excesso de informações no ambiente empresarial da Nextel, local onde trabalhava.
As professoras Juliana Bonfante e Fernanda Cruz, que formavam a banca, elogiaram a temática e o texto bem escrito. Intitulado Entre o bem e o mal: a informação no ambiente de trabalho da Nextel Telecomunicações Ltda., o trabalho foi desenvolvido sobre a única forma de comunicação eletrônica permitida dentro da empresa, o e-mail. Jéssica estudou dois períodos diferentes, de 13 de maio a 21 de dezembro de 2007, e de 28 de janeiro a 28 de maio de 2008. No primeiro período, a aluna contabilizou 3.750 mensagens recebidas por pessoa e, no segundo, 740.
A acadêmica concluiu que, embora os empregados recebessem uma média de 16 a 18 e-mails por dia, eles se sentiam seguros detendo a maior quantidade de informações possível que circulava na empresa. A professora Fernanda também destacou a citação “informação a serviço do controle de informação”, em que ela reflete os aspectos de domínio e poder sobre a informação estabelecida na empresa a partir da hierarquia. Juliana Bonfante indicou alguns ajustes metodológicos necessários no sumário e nas descrições de pós-modernismo e modernismo presentes na monografia.
A forma crítica com que a estudante se posicionou para desenvolver a pesquisa, mesmo sendo funcionária, foi reconhecida por Fernanda. Para a avaliadora, a aluna conseguiu justificar seu tema, demonstrando esforço e maturidade na escolha do objeto empírico. Um dos pontos criticados por Fernanda foi a falta de uma avaliação sobre a escola de Palo Alto voltada para a informação como matéria-prima. A professora também chamou a atenção para a aluna se desvincular do “diálogo efetivo”, ou seja, no processo de comunicação, explicou Fernanda, “não é preciso estabelecer uma resposta”, logo não é possível saber como o indivíduo utilizará o conhecimento obtido através dos e-mails. Fernanda lembrou também que Jéssica ainda poderia ter dialogado mais com os dispositivos de controle da empresa nos conceitos de Michel Foucault.
As pesquisas da estudante foram feitas com colegas de trabalho e funcionários de outras sedes da Nextel. Ela escolheu empregados que desempenhavam funções semelhantes e que estavam em suas listas de e-mails. Após sair da empresa, a aluna disse que não teve mais contato com esses dados, pois a empresa detém de uma política muito conservadora. Sobre a escolha do tema – resultado de conversas com o professor Jacques Mick – Jéssica reconheceu: “Realmente havia muita informação que me inquietava”.