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Matéria 8727, publicada em 04/08/2009.


Monografia aborda literatura no jornalismo

Jéssica Michels



Um aviso na porta da sala C-20: “Sessão lotada. Não perturbe”. O espaço ficara pequeno para mais de 50 pessoas que assistiram a defesa de monografia de Claudionei Fernandes, na segunda-feira (3 de agosto), às 19h30. Intitulado Aquele que conta a história, o trabalho foi orientado pela professora de literatura Nara Marques. Anilton Weinfurter, o Cazuza, e a professora Marília Maciel fizeram parte da banca que concedeu nota 9,0 ao trabalho.

A apresentação de Claudionei começou com a narração da história de Giane, uma garota de 12 anos que vive há seis num hospital de Jaraguá do Sul, desde que foi atropelada. “Fiz essa análise pensando na contribuição que o narrador pode dar ao jornal, e como usar a literatura no jornalismo. Enquanto jornalista é isso que eu faço”, comentou, falando sobre os seus textos do AN Jaraguá, na qual foi estagiário durante um ano e agora já é contratado.

“Compreendo o compromisso do jornalista com a verdade, mas percebo como leitor que a literatura instiga à leitura e a torna mais prazerosa", disse. Claudionei já lia os contos de Edgar Allan Poe desde o ensino fundamental, mas foi através da leitura do livro A Narrativa de Arthur Gordon Pym de Nantucket, presente da sua namorada Luciana, que ele definiu o tema para a monografia. A orientadora já estava definida desde as oficinas de criação literária.

Marília afirmou que estava com saudades de Edgar Allan Poe. Ela também parabenizou Claudionei pela dose de ousadia. “Poderia fazer um trabalho convencional, mas decidiu lançar-se na aventura. Bom, eu gosto de gente que sai da mesmice”, revelou. A professora ressaltou que durante as apresentações das teorias o acadêmico perdeu um pouco do foco narrativo o que, segundo ela, é compreensível. “A ficção quer ser a verdade, essa é a magia da coisa. Manter a coerência no meio do caos, justificar o injustificável. Você também faz isso na construção do teu trabalho", ela explicou, referindo-se ao jogo proposto por Poe no livro, quando instiga o leitor a tentar descobrir quem escreveu o que - se foi o escritor ou se foi o próprio Gordon Pym.

O professor Cazuza apontou alguns erros de concordância no texto e pediu explicações em algumas frases. Além disso, questionou a utilização de nomes como "Moça do vestido amarelo" e "Rapaz do Corsa" usando letras maiúsculas. Claudionei explicou que é baseado nos autores, porque não há essa preocupação com os nomes, e que as características são formas de identificar os personagens.

Na defesa, Claudionei ressaltou que é possível usar a literatura em todas as editorias do jornalismo. “A ficção engana, mas a literatura não”, frisou. Enquanto a banca avaliadora decidia a aprovação, Claudionei ficou sentando segurando a mão da namorada, aguardando.

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