Diferentemente das duas primeiras monografias apresentadas essa semana, Dyorgia Danielly Bogo demonstrou domínio sobre seu tema, não ficando presa apenas à leitura. Na defesa, orientada pelo professor Gleber Pieniz, a acadêmica de Jornalismo analisou a modernidade e a sociedade industrial a partir do personagem Carlitos do filme Tempos Modernos, interpretado e dirigido por Charles Chaplin. A banca formada por Nara Marques e Valdete Niehues avaliou as 104 páginas de conteúdo teórico e os recursos de vídeo, áudio e slides garantindo a aprovação da aluna com a nota 9,0.
O trabalho, que foi separado em três capítulos, leva o título Carlitos não esclarece – a modernidade também não. No primeiro, Dyorgia estudou a vida da sociedade industrial e sua constante modernização, incluindo estudos do contexto histórico do Renascimento, Iluminismo e revolução tecnológica. Logo após, a monografia se voltou para o entendimento da carreira de Chaplin e do personagem vivido por ele. A aluna apresentou o personagem “vagabundo” como um método de resistência à política vigente. No último momento, a pesquisa foi dedicada à análise do filme, com a preocupação de não reproduzir ideias de outros trabalhos já existentes. Dyorgia concluiu que o personagem foi criado para descaracterizar os aspectos industriais, políticos e científicos da época.
Segundo a professora Valdete, Carlitos ironiza o capitalismo e a burguesia, mas também o operário. Na opinião da avaliadora, essa problematização e crítica à toda forma de poder ficou clara na monografia. A professora também elogiou a pesquisa sobre a classe operária, a modernidade e as promessas do Iluminismo, que até hoje não foram desenvolvidas. Para ela, a monografia ficou “leve” e bem sistematizada, mas talvez pudesse incluir os estudos de Max Weber e conceitos para definir melhor termos como “elite” e “poder”.
“Para um comunista ele foi um ótimo capitalista”, afirmou Nara Marques, se referindo a Chaplin. A avaliadora chamou a atenção para a importância de caracterizar o personagem de Tempos Modernos como um símbolo de crítica ao capitalismo, mas também ao comunismo, salientando a importância de desvincular o autor de sua criação. Nara propôs, ainda, incluir na monografia uma análise sobre a linguagem corporal e artística dos palhaços.
Nas considerações finais, Dyorgia comentou que esteve iludida com a bibliografia de Chaplin, o que no início dificultou o reconhecimento do artista como um diretor e personagem capitalista. De acordo com a acadêmica, foi difícil ter acesso aos trabalhos que criticam o autor. Ela também admitiu não ter pensado em incluir as análises da linguagem clown. A aluna assistiu ao filme 14 vezes e falou que de certa forma “exagerou” na descrição do vídeo e do conteúdo. A nota final estava entre suas expectativas e Dyorgia também se mostrou satisfeita com as críticas e sugestões da banca avaliadora.