Depois de ser jogado no lixo, o palhaço ganha vida: a partir daí se constrói o roteiro de A caixa, apresentada pela Companhia Mútua, de Itajaí, e baseado no livro “O palhaço (Clown)”, de Quentin Blake. Sem falas – assim como no livro de Blake -, a apresentação ganhava vida com a trilha sonora, que além das notas musicais, era composta por sons da cidade, do trânsito, de aviões passando. Os personagens se comunicavam através de uma linguagem chamada blablado, que produz sons sem articular palavras. A peça se caracteriza como teatro de animação: os bonecos e o cenário tentam recriar a linguagem visual de desenhos animados. A caixa, com duração de 40 minutos, foi apresentada no galpão de teatro da Ajote, na tarde de sexta-feira (8 de abril). Mesmo não sendo classificada como peça infantil, a maior parte da platéia era formada por crianças, sentadas em almofadas amarelas, que se dispersavam, conversavam e não acompanhavam as esquetes até o final.
Os manipuladores eram também personagens da peça: eles é quem deram vida ao palhaço, depois que ele foi jogado no lixo, em uma caixa de papelão, juntamente com outros brinquedos velhos. Ao deixar de ser um objeto inanimado, o pequeno e indefeso boneco passa a andar sem rumo pela cidade perigosa e barulhenta, a procura de ajuda para seus amigos de dentro da caixa. No caminho, o palhaço observa os muros pichados e o trânsito; encontra um cachorro bravo; vira a companhia de uma menina triste, filha de uma mulher malvada que o jogou pela janela, e finalmente encontra uma garota que consegue resgatar os outros brinquedos, antes que o caminhão da coleta de lixo os levasse embora.
Além de manipulador, Guilherme Peixoto – que dividia o palco com Mônica Longo – dirigiu A caixa. A Companhia Mútua, que existe desde 1993, é formada por mais dois integrantes e tem o foco em pesquisa sobre teatro de animação.
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