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Matéria 8307, publicada em 08/05/2009.


:Jéssica Michels

Peça é baseada em texto escrito em 1900

As três irmãs emociona platéia

Marcus Vinícius Carvalheiro

 

Cinco minutos de palmas constantes. Essa foi a maneira que o público presente na Cidadela Cultural Antarctica, na noite de quinta-feira (7), encontrou para homenagear as atrizes da peça As três irmãs. Durante os 80 minutos de duração, a Traço Cia de Teatro de Florianópolis proporcionou uma grande interação com o público, que resultou em um espetáculo marcado por momentos intensos de risadas e lágrimas.

A peça foi escrita em 1900 e é de autoria do dramaturgo russo Anton Tchékhov. A adaptação do grupo catarinense foi feita pela diretora Marianne Consentino. O elenco é formado por Débora de Matos, Greice Miotello e Paula Bittencourt. Elas representam respectivamente as personagens Olga, Maria e Irina. A apresentação também teve o auxílio dos músicos Cassiano Vedana, Gabriel Junqueira e Mariella Murgia.

O espetáculo é construído em torno do desejo das três irmãs de voltarem à sua terra natal, Winston, que no texto original significa Moscou. As irmãs se mudam para uma casa onde se passa toda a ação da peça, em uma pequena província, e lá residem por 11 anos. Através do fundo musical as atrizes recordam momentos de vivência com seus pais e refletem sobre aspectos cotidianos como o trabalho e o amor. Logo no início da apresentação na cidadela, cada espectador recebeu um balão para encher e soltar ao ar em um determinado momento da peça.

Algumas pessoas foram retiradas da platéia pelas atrizes e incentivadas a participarem de cenas como na comemoração de um aniversário ou em danças com as personagens. A reflexão sobre as dificuldades de vida das irmãs interpretada por Paula Bittencourt (Irina), no final da peça, foi o momento em que platéia mais se emocionou. Lágrimas foram inevitáveis e as 120 pessoas que estavam presentes demonstraram todo o seu respeito através de assobios, palmas e elogios que duraram aproximadamente cinco minutos.

A peça é fruto da pesquisa de mestrado de Marianne, diretora em prática teatral formada pela Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo (ECA/USP). A peça é traduzida através de uma linguagem teatral chamada clown que, segundo o grupo, é uma base técnica que representa um modo de vida baseado na liberdade, na poesia e na exposição de fragilidades. Na apresentação as irmãs revelam um conflito entre dois tipos de vida: um que busca a verdade e a beleza e, outro, que expõe um estilo trivial sustentado pelo interesse material. O grupo tem como princípio exibir esse percurso “de volta ao lugar que a vida faz mais sentido” e, através da encenação, revelar as particularidades de cada personagem em relação à visão de mundo, promovendo assim, um encontro entre o espectador e as três irmãs.

A companhia está vinculada à Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e foi criada em agosto de 2001. Atualmente, a equipe trabalha somente com as remontagens de As três irmãs e Fulaninha e Dona Coisa. Na segunda-feira (11), o grupo volta a se apresentar em Florianópolis com a mesma peça. Já em julho, está prevista uma atuação com o espetáculo Fulaninha e Dona Coisa em Portugal. As três irmãs já recebeu prêmios como melhor espetáculo, melhor direção e melhor atriz (Paula Bittencourt) pelo Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, além de indicação de melhor concepção sonora.

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