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Matéria 8300, publicada em 07/05/2009.


:Marcus Vinícus Cavalheiro

A peça é protagonizada pelos atores Valéria de Oliveira e Roberto Morauer

Peça propõe discussão sobre o fim da paixão

Marcio da Rocha

 

O Porto Cênico, de Itajaí, apresentou, na noite de quarta (6), às 22 horas, a peça “Noite”, com direção de Pépe Sedrez e texto do inglês Harold Pinter, prêmio Nobel de literatura em 2005. O grupo teatral, criado em 2004, é formado por atores com diferentes experiências. Além da peça encenada na segunda noite do Festival Catarinense de Teatro, o Porto Cênico também produz mais dois espetáculos: “O Defunto”, com direção de Valéria de Oliveira, e “Devoradores de Livros”, dirigido por Leandro de Maman.

A peça conta a história de um casal que, durante uma noite, provavelmente depois de sair de uma festa, resolve lembrar do primeiro encontro. O marido tenta, de todas as maneiras, fazer a esposa rememorar o local do primeiro contato físico que, segundo ele, foi em uma ponte. Ela, por sua vez, recorda apenas de uma estrada no campo. A busca desesperada por essa lembrança, leva homem e mulher a uma série de acusações infantis. Resumidamente, o texto descreve de forma explícita o fim da paixão entre os dois.

Sentados frente a frente, os atores Roberto Morauer e Valéria de Oliveira deixam o público calado e apreensivo com a busca do momento exato em que o casal se apaixonou. A disposição das cadeiras do teatro também chamou a atenção da platéia. Homens e mulheres ficaram frente a frente. Somente os atores os separam. Segundo a direção da peça, “dessa maneira a plateia interage com o texto, exigindo um suposto entendimento dos argumentos do homem ou da mulher".

O personagem de Roberto é o retrato fiel do desespero. Na cadeira, fumando incessantemente, implora, através do olhar, a lembrança perdida ou renegada da esposa. Do outro lado, a indiferença da esposa, interpretada por Valéria, é a imagem perfeita do fim de uma vida a dois. Todo esse dilema é acompanhado com uma trilha sonora composta por André Ricardo de Souza, criada especialmente para a peça.

Para as suas produções, o grupo conta com apoio de leis de incentivo à cultura. Como eles mesmos gostam de afirmar “lutamos contra o capitalismo”. Outro aspecto diferenciado do Porto Cênico é a aposta na dramaturgia própria e na formação de novos atores. “Dessa forma suprimos a lacuna deixada pelas instituições de ensino”, disse Valéria, que também é mestre em teatro pela Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), e diretora do grupo.

Para hoje (7) estão previstas as peças “Escaparate”, do grupo Erro, de Florianópolis, às 19 horas, na Rua do Príncipe (em frente ao edifício Manchester), e “As três irmãs”, da Traço Companhia de Teatro, também da capital, às 22 horas, na Ajote.

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