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Matéria 8321, publicada em 08/05/2009.


:Carolinne Sagaz

Falta de amor causa final trágico

A história dos quatro irmãos “idiotas” no Festival

Bruno Isidoro


Teatro em Trâmite e Persona Cia de Teatro apresentaram, na terça-feira (6 de maio), o espetáculo A galinha degolada, no teatro Juarez Machado. A história do casal Mazzini-Ferraz e seus quatro filhos “idiotas” (expressão usada devido à falta de vida no corpo dos garotos) é apresentada pela atriz Gláucia Grígolo, enquanto os atores encenam a peça. Com expressões fortes, os personagens passavam da felicidade à tristeza e do amor ao ódio em vários momentos da apresentação. O espetáculo é baseado na obra do escritor uruguaio Horácio Quiroga.

Com o nascimento do primeiro filho, o casal interpretado por André Francisco e Loren Fischer vive um momento de felicidade. Com 20 meses de idade, a criança começa a ter convulsões. Os pais descobrem que ele tem uma doença mental incurável. O sentimento de impotência do casal é muito bem representado em suas expressões. O mesmo acontece com o segundo filho e, posteriormente, com os gêmeos. Os quatro irmãos “idiotas” são representados por bonecos, que mostram a falta de expressão e movimento dos personagens.

Os pais se recusavam a aceitar seus filhos e um culpava o outro pelas dificuldades vividas pelos garotos. Em um momento a esposa usa a expressão “seus filhos” para o marido que responde: “nossos filhos, você quis dizer”. A mulher acreditava que a doença de seus descendentes era fruto dos problemas de saúde do sogro, enquanto o homem culpava um problema no pulmão da mãe deles.

A falta de carinho com os garotos fica ainda maior com o nascimento do quinto filho. Era uma garota sadia. Aos poucos, os meninos são ignorados pelo casal. A menina era o único orgulho deles.

Quase no final da história, a empregada interpretada por Samantha Cohen depena e depois degola uma galinha na frente dos garotos que estavam na cozinha. Após tirar os meninos do local, ela sai de cena. Com a saída do casal, os irmão “idiotas” observam com “olhar de gula” a menina em seu berço. Eles conseguem se movimentar em direção a ela. Um pega pelo pé, outro puxa seus cabelos como se estivesse tirando penas de galinhas e depois levam-na para a cozinha.

A peça encerra com Gláucia fazendo o papel da menina, que está no chão, enquanto seus pais, que haviam chegado, estavam parados ao lado de seu corpo em estado de choque. Nesse momento, a empregada varre as penas da galinha em direção à criança. O conto de Quiroga mostra como a falta de amor e de cuidado de um casal pode acabar de maneira trágica.

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