Mariana Zschoerper, 19 anos, faz parte do grupo de balé clássico CIA Jovem da Escola de Teatro Bolshoi no Brasil, mas também é caloura do curso de Jornalismo no Bom Jesus/Ielusc. A bailarina está no Bolshoi há nove anos e viu no jornalismo uma oportunidade de explorar a área da crítica de dança.
Natural de São Bento do Sul e praticante de balé desde os três anos de idade, Mariana descobriu no Bolshoi um caminho para evoluir no mundo da dança. Em 2000, aos 10 anos, fez o teste de seleção para a primeira turma da escola russa em Joinville e obteve a primeira colocação. No ano passado, já formada, Mariana concorreu com outros 80 candidatos e foi a única bailarina do estado a ser contratada para a CIA Jovem.
Durante seu primeiro ano de estudos, diariamente Mariana fazia com seu pai cada quilômetro do trajeto que separa a casa em São Bento do Sul da Escola Bolshoi. Após um acidente de trânsito, porém, a jovem mudou sua rotina e passou a morar em Joinville. Em quase uma década de Bolshoi, a bailarina recebeu cinco medalhas de honra ao mérito. Em 2007, na sua formatura pelo curso técnico de formação de artista de balé, foi eleita a oradora da turma e fez um discurso que, lembra, ficou marcado pelos sorrisos e lágrimas dos convidados.
Quando já fazia parte da CIA Jovem, a artista descobriu ser portadora de um grave problema na coluna. Alguns médicos disseram que não seria possível continuar dedicando-se à dança, mas a neurocirurgia foi bem sucedida e após aproximadamente um ano de recuperação, Mariana voltou aos palcos.
Depois de três anos longe das salas de aula convencionais, Mariana fez o vestibular para Jornalismo. Essa necessidade de profissionalização surgiu do desejo de explorar os mercados que a imprensa não valoriza dentro da dança. Formada na Escola Estadual Germano Timm, a acadêmica confessa que em uma escolha entre o balé e a faculdade, optaria pela dança, pois a juventude e a força física são momentâneas e “a bailarina tem prazo de vida”.
Mariana já foi retratada em jornais e revistas como Folha de S. Paulo, A Notícia, Notícias do Dia, Veja e Caras. Em seu currículo artístico constam viagens pelo Brasil e pelo mundo: além de um estágio de cinco dias em Moscou, em 2006, a bailarina se apresentou na Alemanha e na França. Mariana já está familiarizada com os princípios técnicos do balé russo, mas comenta que em relação à dança, naquele país as crianças são estimuladas pelos pais logo depois do nascimento e “as pessoas são muito mais fanáticas”. Esses fatores estabelecem um grande contraste entre a tecnologia da dança na Rússia e no Brasil, razão pela qual não se pode comparar ou mesmo competir com os métodos russos.
Fora do mundo da dança, Mariana gosta de música clássica. É fã de pintura e admira principalmente as obras de Picasso e Michelangelo. “Me considero uma pessoa que ama a vida”, resume a bailarina, que se vê como uma pessoa religiosa e sentimental. Ela ainda afirma ser bem tranquila e, mesmo sob uma “chuva de canivetes”, como costuma dizer, mantém a calma para não se abalar na conquista dos seus objetivos.