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Matéria 7976, publicada em 06/03/2009.


:Luiza Martin

Luiz Fernando (esq.) e Fernanda Cruz argumentaram sob perspectivas polarizadas

Leituras "naturalizada" e "crítica" equilibram avaliação

Luiza Martin


De um lado Luis Fernando Assunção faz ponderações sob uma perspectiva “naturalizada”, de outro Fernanda Guimarães Cruz tece uma argumentação “crítica” sobre o trabalho de Denise Ferreira Suzuki, intitulado “A forma resistente – as especialidades dos textos jornalísticos do Último Segundo”. Nesses pólos, Jacques Mick, o orientador da pesquisa, coloca a arguição dos avaliadores — um que entende a profissão pela vivência, outro que relativiza as práticas jornalísticas. Tal química equilibrou a avaliação e rendeu nota 7,5 à monografia, apresentada na noite de quinta-feira (5), na sala C-21.

O professor Luis Fernando Assunção, mais conhecido por Lufe, apontou características positivas do trabalho. Alguns dos achados encontrados na pesquisa de Denise foram a falta de uma linguagem própria do jornalismo na web, a pouca utilização de recursos multimídia, o baixo percentual de textos escritos por jornalistas da redação e a tendência de mudança no impresso. O jornal-papel “parece disposto a mudar, procurando atualizar-se de alguma forma para competir com o mundo digital, ou acompanhá-lo. Enquanto o online se mostra preso à forma resistente da tradição”, concluiu Denise no trabalho escrito. Todos os pontos elencados por Lufe se referem a uma análise que a monografanda construiu a respeito das notícias do portal Último Segundo.

Em três capítulos, Denise dividiu a pesquisa. O desenvolvimento do trabalho é inaugurado por “A construção de uma nova linguagem”, no qual autores como Leonardo Moura, Pollyana Ferrari e Mike Ward emprestam conceitos de jornalismo online e de texto jornalístico. “O manual de redação do Último Segundo e seus princípios” são destrinchados no segundo capítulo. Para encerrar, “O material publicado pelo Último Segundo” entra em foco e são observadas as características dos textos, as fontes utilizadas, o número de caracteres das notícias, os horários de publicação, o emprego dos recursos multimídia e os canais (que correspondem às editorias do impresso). O intento da monografanda consistia na busca de uma linguagem para o jornalismo online, por isso a pesquisa seguiu linhas quantitativas e qualitativas. As divergências entre o manual e a aplicação de suas regras fizeram Denise deduzir que “a linguagem jornalística específica da web ainda não conseguiu ser definida” no portal estudado.

O mérito do trabalho, segundo Fernanda Guimarães Cruz, ficou a cargo da questão problema “ambiciosa”. A pesquisa empírica também foi lembrada positivamente, sendo um dos motivos da aprovação, citado durante a declaração da nota. A parte quantitativa da monografia foi desenvolvida a contento, mas a qualitativa, de acordo com Fernanda, não transcendeu a descrição. “A análise pede um diálogo com toda a reflexão teórica”, sentenciou a professora, que considerou incompleta a “base necessária” para construir uma reflexão crítica. Na perspectiva de Fernanda, Roland Barthes poderia ter sido incluído no estudo no momento em que se trata da linguagem. Denise acabou restringindo a pesquisa — fato que a avaliadora atribuiu ao apego ao manual e à comparação entre jornal impresso e online.

A avaliada admite: “Não fui capaz de relacionar, não consegui assimilar e não utilizei nada de Barthes”. Ela também não encontrou a análise qualitativa do trabalho. Diante dos argumentos empregados pela monografanda, o orientador Jacques Mick comentou, em tom de brincadeira: “Sinceridade excessiva”. O período de orientação provou para Mick que Denise “tem dificuldades com objetos teóricos”. A ex-aluna não considera que a franqueza prejudicou sua avaliação: “Tudo depende do olhar, principalmente na comunicação”.

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