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Matéria 7946, publicada em 03/03/2009.


:Rafael Costa

JB sentou-se na primeira fila para fazer a réplica à banca

Em monografia, a imprensa e a Carta de Caminha

Ariane Pereira


A nota 10 dada à monografia de João Batista da Silva, mais conhecido como JB pelos corredores ielusquianos, foi também a primeira nota máxima dada a uma pesquisa orientada pelo professor Gleber Pieniz. O trabalho “Jornalismo Líquido – uma análise crítica e propositiva entre a Carta de Pero Vaz de Caminha e a imprensa pós-moderna” é um paralelo entre o jornalismo contemporâneo e a primeira carta com registros da existência do Brasil, produzida por um dos escrivães da esquadra de Pedro Álvares Cabral.

O texto literário e metafórico de João inspirou a banca (composta pelos professores Valdete Niehues e Jacques Mick) a escrever textos de semelhante teor para avaliar o monografando. Valdete ficou receosa de “naufragar” em suas próprias reflexões provocadas pela monografia, enquanto Jacques concluiu que “o almoço ficou garantido, mas ficaria melhor se tivesse sobrado para o jantar”, referindo-se ao fato de que o trabalho era o suficiente, mas poderia ter ido um pouco mais além.

A monografia foi dividida em cinco capítulos, cada um levantando problemas da imprensa contemporânea que se parecem com o protojornalismo — o "jornalismo" quando ainda não existia o jornalismo — da carta de Pero Vaz de Caminha. De acordo com Gleber, as coincidências apontadas por João são constrangedoras. Caminha servia à coroa portuguesa na esperança de libertar um parente prisioneiro e, portanto, fez um relato simpático para impressionar o rei, o que pode ser trazido para a atualidade do jornalismo, que é refém das grandes corporações. Entretanto, no capítulo dois do trabalho, João cita que Caminha fala na carta que será parcial, respeitando o leitor, transparência que não se percebe nos jornalistas de hoje. Mas JB se diz otimista. Para ele, o jornalismo pode mudar para melhor e os argumentos que justificam essa crença são expostos ao final de cada capítulo no trabalho escrito.

O otimismo de João Batista é visto como pessimismo por Valdete e, novamente, como otimismo por Jacques. Para João, o otimismo ou o pessimismo dependem da visão com que se lê o resultado da sua pesquisa. Valdete questionou JB sobre a democratização da comunicação no Brasil, um país não democratizado socialmente, e disse quase ter se convencido da “desnecessidade do jornalismo”.

Segundo Gleber, o trabalho de seu orientando é como um caleidoscópio, com várias faces. Como orientador, elogia as virtudes acadêmicas da monografia: a boa e extensa revisão bibliográfica, a relevância do estudo para entender o jornalismo contemporâneo e a clara proposta política contida no trabalho.

A ausência de perguntas da platéia à banca deveu-se a uma opção de Gleber, que acha a participação do público “acessória” numa defesa que é momento de tensão. No entanto, durante a deliberação dos avaliadores para decidir a nota do trabalho, JB foi cercado por alunos das disciplinas de Redação 3 e 4, que tinham a tarefa de escrever uma matéria sobre a defesa.

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