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Matéria 9395, publicada em 24/02/2010.


:Elis Regina

Corpo, tempo e cultura são aspectos da pesquisa de Suélen

A real beleza feminina em discussão

Emanoele Girardi



Três amigas para assistir, três professores para avaliar e outros três desconhecidos para ouvir: esse foi o público para o qual a estudante de Publicidade e Propaganda Suélen Barbosa apresentou sua monografia “Sentidos da beleza feminina: A estratégia discursiva da Dove na campanha pela real beleza” na terça-feira (23 de fevereiro) às 17 horas. O trabalho fez a análise de quatro peças publicitárias – duas que abordam a beleza em dois estereótipos e outras duas que divulgavam produtos Dove que ainda seriam lançados. Suélen foi orientada pela professora Taís Dassoler e avaliada pelos professores Marcelo Grimm Cabral e Mario Ferreira Resende, que veio de Florianópolis para compor a banca.

“Foi difícil eu fazer esse trabalho por me identificar com a marca, tive que deixar de lado a Suélen consumista”, revelou a aluna. A apresentação teve início com a demonstração dos estereótipos escolhidos para a análise. O primeiro era sobre a idade, onde a Dove utiliza a imagem de uma senhora e diz que ela podia ser bonita. O segundo era sobre a forma do corpo, o peso. Suélen observou que na peça sobre a idade a marca encobria a morte ou qualquer aspecto ruim. O mesmo acontecia com o peso: não havia informações sobre a obesidade ou sobre os padrões de beleza da sociedade contemporânea.

Segundo a estudante, a Dove se inspirou na campanha pela “real beleza” após ter feito pesquisa com 3,3 mil mulheres que, na maioria, se diziam satisfeitas com o próprio corpo. Assim, a marca deixou as modelos magérrimas de lado e partiu para uma abordagem mais pessoal, usando o mercado consumidor como propaganda da campanha. “O que seduz não é o produto em si, mas o que ele promete fazer”, afirmou a estudante.

Também explorada no trabalho e na apresentação, a relação entre corpo e cultura rendeu comparações entre o padrão de beleza no Renascimento, que era a gordura, e o padrão de beleza contemporâneo, que é a magreza, além de enfocar problemas de auto-estima e as possibilidades tecnológicas de mudar tudo, a exemplo da cirurgia plástica. Suélen acrescentou que hoje os anúncios têm mais corpo à mostra e isso aumenta as vendas, concluindo que a publicidade é uma manifestação da sociedade.

Ambos os avaliadores elogiaram Suélen pelo universo teórico que ela mobilizou, por sua clareza e leveza ao desenvolver o trabalho escrito. “O corpo está sempre submetido ao simbólico”, comenta Mario. O professor explicou que antes o corpo era sinônimo de saúde e, hoje, é muito mais relacionado à beleza. Além disso, concordou com Suélen sobre o corpo ser um objeto possível de ser consumido, pois as pessoas compram os produtos em função daquilo que ele promete proporcionar – uma perna bem definida ou um rosto sem rugas. Já Marcelo sugeriu que a estudante tivesse mais rigor ao falar da história da beleza, que se aprofundasse no tema, mas não que alterasse o trabalho e apenas pensasse na possibilidade de continuar pesquisando. “O desejo de modificar o corpo nem sempre reside em ficar mais magro, há vários padrões de beleza”, lembrou o professor. Concordando com o comentário, Mario acrescentou – concluindo a avaliação – que o padrão único de beleza na propaganda é o sorriso.

Enquanto aguardava a nota, Suélen falou sobre o nervosismo, a sorte de ter apresentado o trabalho sem uma grande plateia e sobre a orientação. “A Taís foi uma ótima orientadora, insistia e não me deixava desistir”, comentou. De volta ao anfiteatro, Taís agradeceu a aluna e a elogiou pela determinação e pela responsabilidade. A monografia recebeu nota 9,0 e teve a publicação recomendada à biblioteca.

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