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Matéria 8384, publicada em 19/05/2009.


:Guilherme Duarte

Ester é presença certa nas manifestações

Aposentada luta contra aumento

Marcus Vinícius Carvalheiro



“Não podemos pensar só no nosso telhado". "Devemos olhar o que está acontecendo em torno da gente”. “Devemos amar o próximo”. Essas são algumas frases da professora aposentada Ester Pereira Alves, 60 anos. Nos últimos dias, ela tem participado das mobilizações contra o aumento da tarifa no transporte público de Joinville.

Há 20 anos, Ester trabalha na fiscalização do SUS e em setores de educação e meio ambiente. Ela diz conhecer os alicerces sobre os movimentos a favor do passe livre, e um dos motivos que a leva apoiar os atos é a falta de escolas de Ensino Médio nos bairros do município. Para Ester, as empresas de transporte estão trabalhando na irregularidade, exercendo um monopólio que dificulta a locomoção desses estudantes para o centro da cidade. “Conheço casos em que os alunos são sustentados pelos avôs”, comenta a aposentada, que também alerta sobre a falta de estágios e empregos para os jovens.

Ester Pereira faz parte da ONG Ação Social da Saúde Comunitária – Sociedade Civil Organizada -, e usa sua residência como sede. Também participa de outros debates como a situação do centro de recuperação Parque Guarani, sobre a política imobiliária da cidade, e, ano passado, apoiou os atos contra o aumento de salário dos vereadores. Em 1994, Ester se aposentou como professora e passou a se dedicar aos debates realizados na esfera pública. “Me senti parada e comecei a me qualificar”, completou. Ela é mãe de três filhos vivos - um filho faleceu em 2002. Evandro Alves, era estudante do curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc e, além de ser músico, participava de movimentos sociais. Até hoje ela luta na comarca para achar os culpados que, usando a violência física, assassinaram seu filho. “Quando vocês me virem, quero que visualizem as mães de vocês”, reflete a aposentada. Ela acredita que hoje existem muitos adultos que não compreendem a essência das mobilizações, ou que trabalham o dia inteiro e não conseguem participar desses debates.

Sobre a luta contra o aumento, Ester destaca alguns pontos, como a traição do prefeito e a mentira em relação ao “transporte de primeiro mundo”. Na opinião dela, Carlito Merss foi eleito por pessoas que acreditaram no “Professor Carlito”, e que agora sofrem com o aumento acima da inflação, de 12,2% nas passagens. “Ele fez isso em cinco meses de Executivo, imagina em um ano de mandato”, destaca Ester que conclui: “Eu não votei nele, ainda bem”.

Apesar de todo o esforço a favor da sociedade, Ester Pereira revela sofrer algumas acusações, que retratam nas suas lutas como “trampolim político”. Segundo ela, essas acusações são mentiras, já que o estatuto da entidade da qual participa e coordena não permite que os voluntários tenham ligações políticas.

Ela destaca que apenas faz sua parte como cidadã, como pessoa, e que acredita na juventude. Ester afirma que, apesar de ter 60 anos, e ter passagem livre, é necessário estar sempre em estado de solidariedade. E esse é o fator que a move e a faz participar dos atos. A preocupação com a sociedade, filhos, netos e vida docente são pequenos atos que, para ela, fazem parte da metáfora do beija-flor. “Estou fazendo pouco, mas estou fazendo a minha parte”, conclui Ester Pereira Alves, que pode atuar como beija-flor, mas que reflete na comunidade a força de um elefante.

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