“Vem pra luta, vem, contra o aumento!”, era o grito ouvido hoje (19) na sessão na Câmara de Vereadores após a fala dos estudantes Felipe Silveira, membro do Diretório Acadêmico Cruz e Sousa, e Tiago de Carvalho, militante da Juventude Revolução. Os manifestantes quase lotaram a Câmara para pressionar o poder legislativo a votar a favor da sustação do decreto do prefeito Carlito Merss que aumentou o preço da passagem de ônibus. O pedido de sustação foi feito durante a sessão pelo vereador petista Adilson Mariano.
Os manifestantes se encontraram na Praça da Bandeira, próximo às 17h30, e chegaram à câmara 18h15. Aos poucos, foram entrando silenciosamente e esperaram até o momento em que Mariano apresentou o pedido para sustar o aumento da passagem de ônibus. O pedido será agora encaminhado para análise da comissão de legislação. O público presente aplaudiu a iniciativa. Depois, o petista pediu um espaço para que dois representantes da Frente de Luta pelo Transporte Público pudessem falar.
“Não vamos sair das ruas enquanto o preço da passagem não baixar”, enfatizou Felipe em sua fala. Segundo ele, a população não tem condições de pagar R$ 2,30 em um passe de ônibus. Defendeu a manifestação pacífica e disse que pode existir gente infiltrada durante os atos, para criminalizar o movimento. Relembrou a promessa de Carlito com a população, que era fazer uma assembleia para discutir as planilhas de custos das empresas. Em nome da ocupação Juquiá, no Ulysses Guimarães, Felipe falou da realidade sofrida pelos moradores do local.
Tiago, estudante de Direito, lembrou que desde 2003 não havia uma manifestação tão grande. Dividiu sua fala em duas partes. Primeira, a econômica: o estudante disse que se analisar o índice de inflação nos últimos anos, a passagem está mais de 100% acima do valor atual. Ele espera que Carlito revogue o aumento. “Se falta coragem do prefeito contra as empresas, nós damos coragem pra ele”, completou.
A palavra foi passada ao vereador Odir Nunes que ouviu vaias e risadas após iniciar a frase com as palavras: “Me emociono”. Ainda falou do seu tempo de MDB e de estudante, quando participava de manifestações. Os manifestantes bateram palmas de costas após sua fala.
Segundo Mariano, o processo para sustação é longo. Na próxima terça-feira será definido um relator e possivelmente no dia seguinte o prefeito receberá as informações e terá 10 dias para responder. Se a comissão ainda achar que ele excedeu seu poder, levará para votação no plenário. Se aceito, o decreto é anulado e a passagem deve voltar ao preço anterior. Se isso não ocorrer, a decisão será via Justiça. Mariano defende a retirada da concessão das empresas privadas e que se crie uma empresa pública de transporte coletivo.
Após a sessão, os manifestantes se reuniram em frente à câmara para definir os próximos atos. Depois seguiram a avenida Hermann Augusto Lepper em direção ao bairro, viraram à esquerda na Itaiópolis e retornaram à praça da Bandeira pela avenida José Vieira, conhecida também como Beira-Rio, ocupando sempre meia pista. Lá, convidaram todos para o ato de quarta-feira (20) às 18 horas na mesma praça.