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Matéria 8167, publicada em 08/04/2009.


Cristóvão Tezza discute literatura na feira

Marcio da Rocha



Vencedor do prêmio Jabuti de literatura pela obra o “Filho eterno” (2007), Cristovão Tezza, esteve no auditório da feira do livro nesta quarta-feira (8), às 9h30, para discutir seu processo de criação literária, início de carreira e também a literatura catarinense. A professora de teoria literária da Univille (Universidade da região de joinville) Taiza Mara Rauen Morais mediou a discussão, que também contou com a presença do acadêmico de letras Ítalo Puccini.

Nascido em Lages (SC), em 1959, o escritor mudou-se para Curtiba (PR), ainda criança após a morte do pai em 1959. Tezza admite que o seu interesse por literatura demorou a aflorar. O livro “A chave do tamanho”, de Monteiro Lobato, despertou seu interesse pela leitura. Além de Monteiro Lobato, ele também se interessou por obras do escritor francês Julio Verne. “Embora nunca estivesse na maioria dos lugares retratados em suas obras, Verne conseguia descrever com exatidão seus aspectos”. Para ele, esse é o grande diferencial da literatura. “Os livros nos proporcionam isso, viajar para todos os lugares”.

Respondendo uma das perguntas da professora Taiza sobre suas leituras atuais, o escritor afirmou faltar tempo para ler. “Ler é talvez a única ação do homem que necessita de solidão”, disse. Ele explica que o ritmo ditado pela sociedade moderna contribui para a extinção desse hábito. “Tudo que envolve solidão a sociedade tenta evitar e leitura está inserida nesse contexto”. Para ilustrar, o escritor citou o livro “Admirável mundo novo” (1932), do inglês Aldous Huxley. “Aldous narra a história de uma sociedade geneticamente modificada em que as pessoas são reproduzidas em longa escala e não se interessam por nenhuma manifestação cultural”.

Questionado sobre o início de sua carreira, Tezza afirmou ter se inspirado em outros escritores. “Todo escritor começa sua carreira imitando”, declarou. Já o seu processo de criação é geralmente iniciado através de uma única frase ou cena imaginada. “Na maioria das vezes eu já tenho uma frase que será o início da história. Em outras ocasiões eu imagino uma cena e a partir dessa cena componho toda a narrativa”.

Além de escritor, Tezza também é professor de língua portuguesa. “Pretendo abandonar a carreira de professor a médio prazo, pois toma muito o meu tempo”. Assim que encerrar sua carreira educacional, ele pretende trabalhar exclusivamente com literatura. “Nós do sul, somos isolados do eixo Rio-São Paulo, mas agora que minhas obras estão sendo editadas em uma grande editora (Editora Record), consegui mais visibilidade”. Mesmo com esse isolamento observado, ele considera o povo do sul – em em especial o povo catarinense – bairrista. “O sul é bairrista, principalmente o catarinense, que adora a obra de escritores conterrâneos”. Tezza admitiu desconhecer novos projetos realizados por escritores de Santa Catarina. “Como moro em Curitiba, não estou acompanhando as produções literárias, mas consigo notar uma movimentação cultural bem forte através de projetos como as feiras literárias”.

À tarde, foi a vez do jornalista, poeta, escritor e cronista do jornal “A Notícia” Norberto Well lançar seu livro de poemas e crônicas “Os epitáfios duram mais” (2008), primeiro de sua carreira, no estande da livraria Midas, às 15 horas. Norberto estudou jornalismo na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) na década de 80. Atualmente é titular da cadeira 39 da Academia de Letras e Artes de São Francisco do Sul.

Para quinta-feira, último dia do evento, estaria previsto contações de histórias durante toda a manhã na Biblioteca Móvel da Secretaria Municipal de Educação e, às 9h30, com o grupo Rústico Companhia Teatral, no palco. A 6º edição da Feira do Livro em Joinville encerra às 12 horas.

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