Com a nota 8,5 que ficou abaixo de suas expectativas, a acadêmica de
Jornalismo Priscilla Milnitz Pereira foi aprovada em sua defesa de monografia na
noite de quarta-feira (4). Intitulado “A fé em cena: reconfiguração da
experiência e prática religiosa na relação com a mídia - O caso do grupo Red de
Joinville”, o trabalho foi considerado complexo e ousado pelos avaliadores
Juciano de Sousa Lacerda e Valdete Daufembach Niehues. A apresentação ocorreu no
anfiteatro do Bom Jesus/ Ielusc e inicou com 45 minutos de atraso, às 21h15. A
professora Maria Elisa Máximo orientou a estudante.
Após ter pensado nos
mais variados temas e sofrido a pressão de ainda não ter se decidido por um,
Priscilla viu no desafio de contrariar sua família - católica e muito religiosa
- um meio para aliar sua curiosidade de conhecer melhor o grupo Red e analisar,
através dele, a relação das igrejas modernas com os processos de midiatização.
Como objeto de pesquisa, escolheu a Igreja Plenitude, fundada em 2003. Para
explicar a necessidade dos fiéis de um grupo que “atendesse mais a vida real e
não ficasse só sonhando com o paraíso”, a aluna fez um apanhado histórico a
partir da chegada do capitalismo, apontando a globalização como impulso para a
utilização dos meios de comunicação como forma de interiorizar os valores
cristãos.
Segundo Priscilla, ao se desinstitucionalizar e virar um grupo
teatral, a igreja pôde ir mais longe, expandindo os locais de apresentação, indo
além dos ambientes evangélicos aos quais pertencia. Como modo de comprovar o que
dizia, a acadêmica apresentou parte do primeiro longa joinvilense, produzido
pelo grupo Red. “As
estrelas me mostram você” é um romance voltado principalmente para a
juventude e aponta a fé como caminho mais seguro para a solução dos problemas
mundanos. “É como se tivessem que viver sempre o papel que eles interpretam nos
filmes: o certinho, o bom moço”, acredita.
A dificuldade de conectar as
informações apresentadas pela estudante no texto foi a principal crítica feita
pelos avaliadores. Os dois ficaram confusos em relação ao tempo e aos locais a
que Priscilla se referia. Além disso a coragem - apontada por Valdete - em
utilizar Weber para tratar de questões religiosas não foi bem trabalhada pela
acadêmica, que admitiu tê-lo considerado insuficiente em sua pesquisa. “A
monografia estava bem tecida, bem pontuada, mas faltou contextualizar”, explicou
a arguidora.
Juciano questionou a falta de exploração do culto como meio
comunicacional já que, segundo ele, este é o momento de maior união e troca de
experiências entre os integrantes do grupo. Reforçou também a “bagunça” que
Priscilla fez ao misturar teóricos dos séculos 15 e 16 com a Igreja Plenitude,
que é contemporânea. “Para mim estava tudo tão claro, parecia óbvio”,
justificou-se a aluna. Ela garantiu não ter percebido as falhas e concordou com
os avaliadores, que pediram uma revisão do texto.
“Não sei se dei um
passo maior do que as pernas”, ponderou a acadêmica. Ela admitiu estar muito
nervosa durante a apresentação, desesperada até, e acredita que isto pode tê-la
atrapalhado. Priscilla contou ter ficado incomodada com as comparações feitas
entre ela e uma outra aluna, orientada pela professora Valdete e que trabalhou o
mesmo tema. Apesar das críticas, a estudante pretende voltar a pesquisar a
relação da mídia com as igrejas, talvez seguindo novos enfoques.