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Matéria 8596, publicada em 23/06/2009.


:Monique Moreira

Sérgio Murillo acredita no fortalecimento dos cursos

Dirigente diz que ministro “aposta no caos”

Luis Fernando Assunção



Se não trouxe solução, pelo menos um alento. A presença do presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, nesta segunda-feira (22 de junho) no Bom Jesus/Ielusc serviu para debater a crise no jornalismo e dar aos estudantes um fio de esperança diante da profissão. Para Murillo, “nem tudo está acabado” depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que, no dia 17 de junho, decidiu que não é mais preciso diploma para se trabalhar como jornalista. “Temos que aproveitar esse momento e buscar mais apoio político, da sociedade, para melhorar a nossa profissão. A Fenaj vai apoiar qualquer projeto ou ideia nesse sentido”, explicou.

Murillo lembrou também que há muita desinformação sobre a decisão. Segundo ele, foi banida apenas a exigência do diploma e não o decreto lei 83284/79, que regulamenta a profissão. “Foi derrubado o inciso que exige o diploma para efetuar o registro e não a lei toda”, explicou. Mas há controvérsias: o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, já deu entrevistas garantindo que não há mais lei que regule a profissão de jornalismo. “O Gilmar Mendes está apostando no caos, onde não haja regulamentação e as empresas possam contratar quem bem entenderem para fazer jornalismo”, critica o dirigente, lembrando que haverá precarização nas redações, especialmente nas empresas do interior.

Segundo Murillo, a Fenaj está recebendo apoio de todos os lados, até de entidades que antes estavam em cima do muro em relação à exigência do diploma no jornalismo. É o caso da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que nunca se engajou na campanha pela manutenção da regulamentação dos jornalistas. Logo depois da decisão do SFT, no entanto, o presidente da entidade, Maurício Azêdo, saiu em defesa do diploma. Outro caso foi o do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, que estava reticente ao prestar apoio à campanha do diploma. Na sexta-feira, entretanto, o Colégio de Presidentes de OABs no Brasil emitiu nota criticando o STF e defendendo a necessidade do diploma para exercer o jornalismo. “São apoios muito bem recebidos e que esperamos que se multipliquem”, admitiu Murillo.

O meio político também despertou para o problema a partir de quarta-feira, após o julgamento no STF. Segundo Murillo, dezenas de deputados e senadores já prestaram solidariedade aos jornalistas e se prontificaram a debater o tema no Congresso Nacional. Alguns deles, como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), demonstraram interesse em encaminhar projetos de lei para criar uma nova regulamentação da profissão. “Agora temos que voltar-nos para o Congresso para buscar uma alternativa, além de envolver também o Ministério do Trabalho e o da Educação”, explicou o presidente da Fenaj.

Sobre os cursos de Jornalismo, Murillo acredita que o futuro aponta para a diminuição de alunos. “Mas vai haver qualificação. Agora, só fará jornalismo quem realmente gosta da profissão”, reconheceu. “É o momento certo para as escolas crescerem, investirem em qualidade para atrair os alunos”, disse. Para ele é natural que, em um primeiro momento, a procura pelo curso seja reduzida. Mas, a médio prazo, aposta o dirigente, os cursos estarão em menor número no mercado e mais qualificados.

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