Depois da derrubada da obrigatoriedade do diploma para o exercício da
profissão de jornalista, surgem pelo Brasil e no exterior manifestações de
contrariedade diante da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Presidentes da Ordem de Advogados do Brasil, reunidos em Maceió na sexta-feira
(19 de junho), emitiram nota lamentando a decisão. A Federação Internacional de
Jornalistas (FIJ), com sede em Bruxelas, também externou solidariedade e apoio à
luta dos brasileiros pela regulamentação profissional, e qualificou a decisão do
STF de “ação do patronato para desqualificar e tornar desnecessária a
regulamentação profissional”. Estudantes em todo o País preparam também, para
esta semana, uma série de manifestações de apoio à regulamentação e à
obrigatoriedade do diploma.
Em Maceió (AL), o Colégio de Presidentes de
Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil emitiu nota onde, por
unanimidade, lamenta a decisão do Supremo Tribunal Federal que pôs fim ao
diploma de jornalista. Em sessão plenária dos 27 presidentes da OAB dos Estados
e Distrito Federal, o Colégio expressou, através de nota, sua "preocupação com
as consequências de tal decisão para a sociedade brasileira, em seus aspectos
técnicos e, sobretudo, éticos". O Colégio de Presidentes das Seccionais da OAB
referendou posição do presidente nacional da entidade, Cezar Britto, de que o
Supremo não avaliou corretamente o papel do jornalista e suas implicações para a
liberdade de imprensa no País. Para os dirigentes das Seccionais, a decisão pode
prejudicar a independência e a qualidade futuras do jornalismo brasileiro, antes
garantidas pelo diploma e pelo registro profissional do jornalista abolidos pelo
STF. Além disso, eles manifestaram preocupação com o precedente que a medida
pode representar, colocando em risco conquistas históricas de outras profissões
regulamentadas no País.
A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ)
também emitiu nota de apoio à Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), após a
decisão do STF. “No Brasil, nos últimos 40 anos, a obrigatoriedade do diploma
tem estado ligada tanto às reivindicações trabalhistas dos trabalhadores da
comunicação como à exigência de uma informação de qualidade. O patronato
brasileiro batalhava há mais de uma década junto aos tribunais para tornar
desnecessária a exigência do diploma em jornalismo”, acrescenta a nota. A FIJ
também alerta que, no período de desregulamentação da profissão, “os meios de
comunicação abrem caminho para uma crescente precarização dos jornalistas e
criam um prejuizo para a informação
democrática".
Manifestações
Estudantes de Jornalismo de
diversas cidades do país organizaram novas manifestações de desagravo à decisão
do STF. Os atos ocorreram segunda-feira (22 de junho), em São Paulo, Brasília,
Rio de Janeiro, Teresina e Caxias do Sul. Em Porto Alegre, haverá manifestação
na quarta-feira. Em São Paulo, cerca 200 estudantes de Jornalismo protestaram em
frente ao Renaissance São Paulo Hotel, nos Jardins, zona sul.
O alvo dos
protestos dos alunos de universidades de Campinas e da capital foi o presidente
do STF, ministro Gilmar Mendes. Gritando palavras de ordem como "Fora, Gilmar",
"Gilmar Mendes, preste atenção, mais respeito com nossa profissão" e usando
narizes vermelhos de palhaço, os manifestantes pediram a volta da
obrigatoriedade do diploma. No hotel, o presidente do STF fez uma exposição num
almoço-debate do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), com o tema "A Justiça, o
homem e a lei".