Esta é uma história triste. É a história da luta de um homem para preservar a memória de seu ofício. Ambos, homem e ofício, não existem mais, e isso está na ordem natural das coisas: os vivos morrem e as práticas humanas evoluem. Mas o que não precisava ter desaparecido era a máquina que unia o homem ao ofício, e que foi o coração do jornalismo impresso até o final do século 20: um engenho de ferro chamado linotipo. E não estamos falando de tempos remotos. Tudo o que é relatado na matéria abaixo, de Roelton Maciel, ocorreu há apenas três anos. (Sílvio Melatti)
Foi caminhando entre as antiguidades do Museu da Bicicleta (Mubi) que Nelinho topou com algo muito familiar. E não era uma relíquia de duas rodas. Em frente ao senhor de 72 anos estava uma linotipo. (Leia Mais)
A saúde de Nelinho havia se fragilizado durante o mês de maio. No entanto, o bom humor característico e a disposição para o trabalho persistiam. O contato com os acadêmicos de jornalismo reacendera o brilho nos olhos do veterano linotipista. (Leia Mais)
O banquinho da linotipo já não era ocupado há mais de dois meses. Sem Nelinho, a máquina ficou fadada à própria sorte. Nas mãos do antigo dono, fervia a 370 graus celsius. Agora, permanecia gélida. (Leia Mais)
A paixão pelo trabalho gráfico está marcada no DNA dos Silvas. O sobrinho de Nelinho, José Acácio da Silva, o Zequinha, também foi linotipista. Um dos últimos da cidade. (Leia Mais)
Operando uma linotipo: o processo é apresentado por Bill Malley, um linotipista norte-americano que, assim como Nelinho, já faleceu: