A antiga Escola Alemã de Joinville, Deutsche Schule, foi fundada em 1866, e funcionou entre os anos de 1876 e 1939. Hoje, mais de um século depois, o prédio está sendo revitalizado para abrigar o Centro Cultural Deutsche Schule. O trabalho minucioso investe nos detalhes e busca a manutenção da memória, aproximando-se ao máximo do que o prédio foi antigamente. O restauro iniciou em 2008 e calcula-se que o custo se aproxime de R$1 milhão e 300 mil. As obras têm previsão de término para o final de maio de 2010.
O prédio foi construído em três partes. Em 1860 o edifício era de apenas dois pavimentos e era metade do que é hoje. Na segunda etapa, entre 1900 e 1910, foi construída a parte esquerda do prédio, também com dois andares (foto acima). Na década de 1980, o teto - que era uma estrutura oval - foi fechado e foram abertas janelas no telhado, disponibilizando novas salas para que as turmas pudessem utilizar o terceiro piso (foto abaixo).
Segundo a assessora técnica em projetos da instituição, Ana Paula Vieira de Vargas, a verba necessária para a realização da reforma foi obtida de diferentes patrocínios. Por meio do Mecenato Estadual de Incentivo à Cultura - destina-se ao financiamento de projetos culturais em que os contribuintes podem utilizar o valor doado, para compensação, como crédito para dedução de valores do ICMS – a empresa Ciser doou R$300 mil. O incentivo federal foi conseguido pela Lei Rouanet, pela qual as empresas que contribuem com projetos ligados à cultura podem abater até 5% do valor do imposto de renda. Os R$840 mil alcançados com essa lei foram doações das empresas Tigre, Datasul, Schneider, Campeã, Wetzel, Laboratório Catarinense S.A., AB Plast, Lepper, Buschle & Lepper, Ministério da Cultura, Governo Federal, e Caixa Econômica Federal, por meio do programa Caixa Cultural, que dentro deste total, doou R$ 305 mil. Além disso, foi buscado apoio junto ao consulado da Alemanha, em Porto Alegre. Algumas empresas doaram material, como a Docol que deu as louças, as torneiras e as válvulas dos banheiros. “Para a finalização da obra falta, em média, R$100 mil, sem contar os equipamentos e a adequação dos ambientes internos”, completa Ana.
A dependência da verba de diferentes fontes de incentivo fizeram a revitalização do Deutsche Schule ter de ser realizada por etapas. A primeira parte da obra, concluída no início do ano passado, foi a reforma dos banheiros, anexo ao edifício, e do telhado, que agora não possui mais as janelas frontais. A segunda fase tinha como objetivo a reforma de três salas específicas, destinadas à exposição e acervo. Paralelamente a essa etapa, a fase final começou a se consolidar: pintura e instalações elétricas. Ana lembra que a fiação elétrica precisa ser cuidadosamente colocada sob canaletas, porque as paredes não podem ser furadas e os fios não podem ficar à mostra. O próximo passo será a recolocação dos forros no teto.
O tempo de conclusão da obra equivale não só a captação de verba, mas a minúcia do trabalho desenvolvido. Um exemplo disso é que na fase das pinturas foi feita uma prospecção para identificar qual cor mais se assemelhava a que permaneceu nas paredes pelo maior período de tempo. Além disso, com a raspagem das paredes, foram descobertos barrados –, um tipo de faixa decorativa pintada a mão, com pincel - e alguns ladrilhos (foto abaixo), que serão recuperados.
A revitalização do Deutsche Schule prevê a utilização do espaço como um centro cultural voltado à comunidade. Os três andares foram planejados para abrigar parte da administração, o coral e o grupo de teatro da instituição, além de ter salas destinadas para apresentação de filmes, música, palestras e o acervo histórico.