Em Joinville existem 38 imóveis tombados pelo patrimônio histórico. O bloco “A” do Bom Jesus/Ielusc, que no passado chamava-se “Deutsche Schule”, Escola Alemã em português, é um deles. Com sua construção iniciada no fim do século 19 e, posteriormente, reformada e ampliada em 1910, hoje o antigo prédio significa para muitos moradores de Joinville uma lembrança de tempos difíceis. A Campanha de Nacionalização, imposta por Getúlio Vargas em 1938 é uma das dificuldades enfrentadas pelos idealizadores do projeto. Na época, Vargas declarou que qualquer manifestação estrangeira era questão de segurança nacional. Isso incluía a língua alemã, falada nas salas de aula da instituição.
A restauração do antigo prédio, tombado em 1996, proporcionará à população da cidade um melhor conhecimento da história do colégio Bom Jesus. “Essa primeira etapa consiste em recuperar a cobertura do prédio”, explica a arquiteta Maria Claudia Lorenzetti Corrêa, responsável pelo projeto. Para a realização da obra, já foram disponibilizados aproximadamente R$ 1,33 milhão, diz Ana Paula Vieira de Vargas, assistente administrativa.
Para dar início às obras foram feitas pesquisas que visam entender todo o processo de construção do imóvel e também todas as reformas sofridas ao longo dos anos. “Esse levantamento é importante para garantir a maior autenticidade do prédio”, destaca Maria Claudia.
Retirar as janelas salientes do telhado é uma das propostas do projeto para manter a característica original da construção. “ A primeira etapa é a cobertura, depois partiremos para outros objetivos, que vão desde a colocação de assoalho de madeira até a identificação da cor original do imóvel”. A arquiteta também informou sobre a intenção de recuperar a antiga fachada do prédio, onde acima da janela superior estava escrito Deutsche Schule.
A historiadora Dietlinde Clara Rothert alerta sobre a importância da preservação dos patrimônios históricos. A falta de informação e incentivos para proprietários de imóveis históricos, somados à especulação imobiliária, atrapalham os processos de tombamentos em Joinville. Ela acredita que aprovações de novas leis – como a isenção de impostos por exemplo – irão facilitar os processos que visam conservar a arquitetura histórica de Joinville.
A mão de obra especializada, também foi levada em conta nesse projeto. Nelson Alavarce Servante, funcionário da Adobe Engenharia - empresa responsável pelas obras - já trabalhou na restauração de uma casa enxaimel, situada na rua Blumenau. Ele participará somente da reforma do telhado. Segundo ele, a continuidade neste trabalho dependerá de uma nova licitação. Para entender as orientações dadas pelos engenheiros e arquitetos, Nelson participou de um curso de leitura e interpretação de projetos arquitetônicos no Senai. A equipe dele é formada por cinco homens, todos com experiência na área.
O dinheiro disponibilizado para o início das obras da Deutsche Schule foi captado por meio de leis de incentivo à cultura (lei Rouanet), Ministério da Cultura e também pelo consulado alemão e empresas privadas.
*Acadêmico do curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc