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Matéria 7095, publicada em 23/09/2008.


Professores criticam, mas Conurb não se responsabiliza

Tuane Roldão


“Não há avaliação ortográfica das placas? Estou perdendo um trabalho legal, hein?”, brinca a professora de língua portuguesa da Sociesc e mestranda em educação com ênfase em mídia, Juliane Regina Martins, referindo-se aos erros encontrados em diversos pontos do comércio em Joinville. Ela diz que sempre teve dúvidas se havia alguém responsável pela correção desses materiais. Acredita que seria um serviço prestado à comunidade, já que essas placas deveriam seguir a norma padrão, como em outros veículos de comunicação.

O gerente de permissões e concessões da Conurb, Gelindo Fuchter, afirma: “Não temos nenhuma fundamentação legal para proibir publicidade comercial com erros ortográficos e nenhum órgão responsável por analisá-los”. Para ele, o poder público não deve ser responsável pelas correções. “Quando sabemos que está errado, alertamos aos proprietários. Compete a eles fazer a reescrita”, diz. Explica que a Conurb analisa a quantidade e o local das propagandas, além de verificar se são adequadas para o comércio.

O fato de as placas, faixas e outdoors com erros estarem em via pública e em ampla visualização preocupa o especialista em metodologia e tradução e professor de língua portuguesa do Bom Jesus/Ielusc, Anilton José Weinfurter: “Existe um processo chamado fossilização. De tanto ver uma palavra errada, as pessoas assumem a forma como sendo a correta”. Juliane discorda: “Acredito que os erros não chegam a influenciar de maneira geral, talvez apenas àquelas pessoas que estão muito fora do contexto escolar ou que tiveram pouco contato com a escola”. Para ela, as pessoas corrigem mais do que imitam os equívocos da língua. Para Anilton, mais conhecido por Cazuza, todo erro de grafia denota pouca intimidade para com a língua: “Em outras palavras, a falta de leitura de materiais de qualidade é que gera a confusão ortográfica”.

Para solucionar o problema, o professor sugere que seja feita uma campanha nas escolas públicas, onde os estudantes fariam o levantamento dos erros e os informariam aos comerciantes. “Com certeza a existência do erro não é percebida pelos proprietários”, afirma Cazuza. Ele pensa que as mídias impressas também podem colaborar, mostrando a existência do erro e divulgando a forma correta.

Juliane crê que a família e a escola podem contribuir para a diminuição dos erros em publicidade comercial, investindo em incentivo à leitura desde a alfabetização. “Um caminho seria se tivesse maior qualidade na educação, evitando o simples comércio de matrículas”. Para ela, a escola está atormentada por fatores políticos e econômicos, ou seja, “mais alunos e menos professores é igual a mais lucro e menos qualidade”. “Salas socadas de estudantes só combinam com o professor que finge que ensina e alunos que fingem que aprendem”, diz.

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