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Matéria 7094, publicada em 23/09/2008.


:Sílvio Melatti

Crase indevida está entre os casos mais comuns

Erros em placas e anúncios proliferam na cidade

Tuane Roldão


Ao percorrer o Ielusc, os primeiros cartazes e placas com erros ortográficos começam a aparecer. Caminhando pelo centro de Joinville, a diversidade de ferimentos à língua aumenta. No caminho percorrido pela Revi, que compreende trechos das ruas Princesa Isabel, João Colin, Marechal Deodoro, Blumenau e Mário Lobo, erros quanto ao uso da crase são os mais recorrentes. As regras de acentuação parecem não existir. Para entender as causas que levam a essas ocorrências, a Revi conversou com os proprietários de alguns estabelecimentos comerciais.

“O Schimitt está errado, né?”, indaga o comerciante Nilton Schimitt, 56 anos, referindo-se à placa-cardápio localizada em frente à lanchonete de mesmo nome. Na verdade, por ser nome próprio, não era esse o erro ao qual a Revi se referia. A palavra preferência não está acentuada e bauru está com uma vírgula em cima da última letra. Nilson diz que a placa está assim há vários anos e que foi erro de quem a fez, já que ele “percebeu logo no início”.

Na MTS Carimbos e Impressões, um cartaz apresenta duas formas de escrever “a partir”: com e sem acento grave. As proprietárias, Isabel Morini e Viviane Soares da Silva, disseram nunca ter notado e se comprometeram a consertar. “Como são adesivos, vamos tirar a crase e deixar o cartaz correto”, afirma Isabel. Na Adega Di Bacco, a frase “Aberto aos sábados até às 19h”, que deveria estar craseada, apresenta um acento agudo sobre “as”. O dono da adega, Mário Kutti, comprometeu-se a inverter o acento e transformá-lo em uma crase.

“O pessoal está falando errado por causa da internet e eu acho isso ridículo”, declara Lisiane Basso, 27 anos. As palavras início, sítio e gaúcha estão sem acento na vitrine de sua loja, a Rompendo Fronteiras. Garante que sabia do erro e que tentou fazer o letreiro correto: “É um padrão computadorizado. Ou você segue à risca ou cai fora”. Ela diz que foi erro da gráfica que o fez. Para Lisiane, o erro em sua loja é uma contradição porque “os gaúchos costumam falar corretamente”. A comerciante notou que muitas placas joinvilenses utilizam nomes em inglês: “Você não traduz: deduz”.

Na Capeg Gráfica Expressa, a palavra gráfica está sem acento e expressão à vista não está craseada. A secretária do local, Juliana Claudino, afirma que o erro foi proposital: “O acento e a crase não ficariam bem, pois não são visualmente agradáveis”. Para ela, a responsabilidade de ensinar a forma correta é dos pais. “Não é por nossa culpa que as crianças aprendem errado”, diz.

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Comentários dos leitores
 

  • 0-/-1/2008 -

    Tuane Roldão [Joinville]:

     

    Explicações.

     

    Perguntei à professora Juliane Regina Martins (fonte na matéria "Professores criticam, Conurb não se responsabiliza") sobre a questão do uso da crase após a preposição "até". Ela disse que isso varia conforme a gramática utilizada e por isso seguimos a recomendação dela, sugerindo a colocação da crase na vitrine da Adega Di Bacco.

  • 0-/-1/2008 -

    Lucas Balduino [Goiânia]:

     

    Finalmente!.

     

    E não é que a pauta sobre os erros ortográficos finalmente saiu do papel? Parabéns à bolsista que cumpriu, talvez, a pauta mais antiga da Revi. Queria aproveitar o embalo pra tirar uma dúvida: no caso do dono da Adega, não seria mais fácil apenas retirar o acento agudo? Se não me engano, após a preposição "até", embora a crase seja aceita, seu uso é desnecessário. Parabéns aos bolsistas e boa sorte nas futuras pautas.

  • 0-/-1/2008 -

    Jéssica Michels [Joinville]:

     

    Catégorica.

     

    Fiquei estupefada com o comentário da Juliana Claudino. Concordo com ela em partes. "A responsabilidade de ensinar a forma correta é dos pais", mas a culpa é de todos nós. Parebéns pela matéria Tuane:D.

  • 0-/-1/2008 -

    Jouber Castro [Joinville - Santa Catarina]:

     

    Parabéns, Tuane!.

     

    A pauta das placas erradas já era folclore na Revi. Está na lista de pauta a serem executadas pelo menos desde 2006. Finalmente alguém assumiu o desafio!.

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