Revi Bom Jesus/Ielusc

>>  Joinville - Sexta-feira, 29 de março de 2024 - 03h03min   <<


chamadas

Matéria 6399, publicada em 12/06/2008.


A triste vida de um vereador joinvilense

Douglas Neander Sambati*


Tenho 22 anos e nunca acreditei em político algum. Talvez tenha acreditado neles até os 6 anos de idade, mas meu pai sempre falou tão mal de todos que nunca consegui votar em alguém. Exceção feita a Roberto Requião, mas isso é uma discussão pra outro texto em outro momento. Ontem, entretanto, algo como “meu pai tinha um pouco de razão” bateu na minha cabeça.

Os vereadores estão lá na Câmara para legislar, criar leis, mudar estatutos, fazer o que for necessário para melhorar a vida dos habitantes de uma cidade. Pois bem, ouvir os moradores talvez seja a melhor maneira de saber o que eles estão necessitando. Ontem, quando entramos no plenário, eu comecei a ver a expressão de desprezo pela nossa presença no rosto do vereador Fábio Dalonso. Foi algo tão triste que talvez eu não vá conseguir esquecer tão cedo. Ainda mais quando ele ouvia algum barulho vindo do protesto, que até então estava sendo “silencioso”. Ele olhava para o vereador que estava com a palavra e, com mais desdém ainda em sua face, dizia: “Deixa pra lá”!

Hoje estava lendo o blog do Jornal O Sino, do pessoal que cursa Jornalismo no Ielusc, e fiquei sabendo que esse ser iluminado que preside a Câmara Municipal afirmou: “E se eles [os manifestantes] pudessem aumentar os seus salários?”. A mesquinharia presente nessa frase é de assustar. Ele está equiparando o seu salário com a da maioria das pessoas que vivem nessa cidade? Com algumas das pessoas que estavam ali? Em Joinville, muita gente não tem o que comer e, com certeza, aumentaria o seu salário para viver com mais dignidade, para não ter que ver um filho passar necessidades, para ter uma vida.

Eu não sabia que nossos vereadores estavam sem ter o que comer. Não sabia que estavam tendo que emprestar ternos novos para comparecer as sessões, nem que chegavam ao novo prédio municipal de ônibus lotado, ao preço de R$ 2,05 a passagem, muito menos que tinham filhos morrendo por chegarem a Postos de Saúde e hospitais encontrando os fechados.

Talvez a população joinvilense deva agradecer aos vereadores que têm, pois eles, além de darem suas vidas pela nossa cidade, ainda conseguem forças para visualizarem o futuro e calcularem uma inflação que ainda está por vir nos próximos quatro anos. Aleluia!

Obs.: Importante lembrar que os vereadores Adilson Mariano e Marquinhos votaram contra o aumento.


Douglas Neander Sambati é acadêmico do curso de história da Univille

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.