Revi Bom Jesus/Ielusc

>>  Joinville - Quarta-feira, 01 de maio de 2024 - 17h05min   <<


chamadas

Matéria 6272, publicada em 02/06/2008.


:Reprodução

A ética do jornalista é um mito, segundo autor

A jornalistas e marceneiros

Carolina Wanzuita


O profissional na área da comunicação, como cidadão comum, não tem uma ética específica, deve se igualar aos demais indivíduos. É o que acredita o jornalista Cláudio Abramo, deixando clara sua postura no capítulo um do livro A regra do jogo. A comparação feita entre o jornalista e o marceneiro – concluindo que, segundo ele, ambos trabalham sob mesma ética – traz à tona a discussão sobre a moral jornalística atual, ou seja, questiona a seriedade, comprometimento e limites na atuação do profissional.

“O jornalista não pode ser despido de opinião política. A posição que considera o jornalista um ser separado da humanidade é uma bobagem. A própria objetividade é mal-administrada, porque se mistura com a necessidade de não se envolver, o que cria uma contradição na própria formulação política do trabalho jornalístico”, escreveu Abramo. A regra do jogo aponta que para ser um bom jornalista é necessário ter opinião própria, mas sobretudo, ser cético. A regra do profissional seria, então, mostrar quem é quem neste jogo cotidiano sem ser ingênuo e fazendo o que “considera como seu dever de cidadão”.

Para Abramo, o jornalista tem a obrigação de contar o que sabe se a informação fere as leis estabelecidas pela sociedade, mesmo se ele teve acesso ao conteúdo pelo fato de ser jornalista (ou pelo uso do off). “Se um médico souber que estão preparando um golpe de Estado, ele tem obrigação de contar, se for contra. Se for a favor, ele não tem obrigação. A ética do jornalista, portanto, é um mito que precisa ser desfeito”.

Outro ponto que o jornalista cita em seu livro é o da objetividade mal-interpretada, por isso afirma que se deve trabalhar com consciência. A objetividade se mistura com a necessidade de não se envolver, o que cria contradição na formulação política do trabalho jornalístico. Segundo ele, o que se procura hoje, em muitas redações, é tirar a consciência do jornalista.

O limite do jornalista é o limite de qualquer outro profissional. Esta é a idéia principal do livro de Abramo, que diz que “nós não temos licença especial, dada por um xerife sobrenatural, para fazer o que quisermos”.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.