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Matéria 5975, publicada em 18/04/2008.


:Ane Caroline Winter

O HQ e o mangá serão os estilos ensinados no curso

História em quadrinhos se populariza na cidade e ganha espaço na Casa da Cultura

Gustavo Cidral


No dia 23 de abril começa o Curso de História em Quadrinhos na Casa da Cultura Fausto Rocha Júnior. As aulas serão nas quartas-feiras, com turmas disponíveis de manhã(8h30 às 10h45), à tarde(13h às 15h15, 15h30 às 17h45) e à noite(18h às 20h15). As classes serão divididas para alunos de 13 a 17 anos e para pessoas acima de 18 – mínimo de cinco por turma. Todas serão ministradas pela professora Ane Caroline Winter, nas Escolinha de Artes Fritz Alt, anexa à Casa da Cultura. As mensalidades custarão R$ 35,00, mesmo preço da matrícula que deve ser feita na Rua Dona Francisca, número 800. Dúvidas podem ser sanadas através do telefone (47) 3433-2266.

O curso terá carga de 226 horas de aula durante um ano e meio. A professora utilizará módulos de pesquisa e gibis, como os populares Turma da Mônica e os da Walt Disney, as histórias do joinvilense Menino Caranguejo e as HQs de estilo adulto, como Wood & Stock e Chiclete com Banana. O objetivo do projeto, idealizado pela própria Ane Winter, é proporcionar noções de desenho, arte-final, histórias e estilos; o básico para a criação de uma história em quadrinhos. Os conteúdos programáticos incluem educar a visão, desenvolvendo a percepção artística e a sensibilidade; estudar a história, identificar e analisar a HQ e o mangá como meios de expressão artística; praticar o desenho, formando a memória visual; incitar a observação do meio e possibilitar o pensamento reflexivo e crítico.


A cada seis meses um módulo será abordado. No primeiro, os alunos aprenderão a desenhar o personagem estudando algumas técnicas como a anatomia masculina e feminina, expressões faciais e traços étnicos, escorço e detalhes (músculos e seios), movimentação do corpo e interação de personagens. A ambientação e arte-final virão no segundo módulo com o conhecimento dos estilos HQ e Mangá, cenários (perspectiva, arquitetura e paisagens), luz e sombra. Finalmente, a criação e produção de uma história em quadrinho serão ensinadas no último módulo que apresentará o roteiro, enquadramento, diagramação, sangria, calha, letreiramento, onomatopéias e arte final com retículas.

Ane Caroline Winter é uma joinvilense de 22 anos, formada em Artes Visuais pela Univille. Desde a adolescência, ela se interessa pela arte seqüencial, principalmente pelo mangá. A artista conta que a paixão ficou mais intensa através de livros, revistas e a conversas com amigos da mesma área. “O que eu mais espero é receber apoio da Fundação Cultural para publicar os trabalhos dos alunos quando concluírem o curso”, diz Ane. Dentre os autores que embasam a professora para ministrar as aulas estão David Choquet, May Yamaki, Alfons Moliné e Arthur Garcia.

O curso não é novidade na Casa da Cultura. As aulas eram ministradas mas com caráter extra-curricular. O novo projeto fará parte da grade de cursos da instituição.


Um pouco sobre a comunicação em quadrinhos

Considerada a nona arte, a história em quadrinho conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos. No Brasil, o quadrinho chegou no início do século 20. O estilo comics, dos super-heróis americanos, é o predominante. Alguns artistas brasileiros já conquistaram fama mundial, como Roger Cruz (X-Men) e Mike Deodato(Thor e Mulher Maravilha). À partir do anos 60, sob a influência da rebeldia contra a ditadura militar, uma nova forma de quadrinho ficou popular no país. A tira desenvolveu características nacionais, ficando mais “ácida” e menos comportada do que a americana. O moralismo militar bateu de frente com os quadrinhos, em compensação inspirou publicações cheias de charges como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticava a ditadura incansavelmente.


Nos anos 2000, o mangá, estilo japonês de fazer quadrinho, ganhou força no Brasil com os lançamentos de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco pela editora Conrad. Já na década de 1960, alguns autores descendentes de japoneses, como Julio Shimamoto e Claudio Seto, começaram a utilizar influências gráficas, narrativas ou temáticas de Mangá em seus trabalhos. O termo “mangá” não era utilizado, mas a influência em algumas histórias tornou-se óbvia. A ordem de leitura de um mangá japonês é a inversa da ocidental, ou seja, inicia-se da capa do livro com a lombada à sua direita (correspondendo a contracapa ocidental), sendo a leitura das páginas feita da direita para a esquerda.

O jornalismo também pode ser feito através do quadrinhos, como faz Joe Sacco. Suas obras mais conhecidas são Palestina: Uma nação ocupada e a segunda parte, Palestina: Na faixa de gaza e Área de Segurança: Gorazde, publicadas no Brasil pela editora Conrad. Nas três histórias, o artista relata facetas da cultura islâmica desconhecidas para a maioria das pessoas no Ocidente. O autor não só dá uma visão esclarecida dos conflitos entre israelenses e palestinos, mas, principalmente, extrapola as turbulências regionais, atacando diretamente a raiz da questão do Oriente Médio. Ao retratar palestinos educados, cultos, organizados e gentis, Sacco destrói as generalizações e estereótipos difundidos por essa espécie de "guerra fria" promovida pelos Estados Unidos. Sacco recebeu importantes prêmios nas duas áreas em que atua. Inovador, o jornalista cumpre seu papel de uma forma nada chata quanto a convencional.


A Revi já acompanhou os lançamentos dos quadrinhos joinvilenses Banda Grossa e Menino Caranguejo.


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