Há muito tempo que as revistas científicas fazem parte da construção do intelecto nacional. Sobretudo na área das Ciências Humanas, nas quais as publicações científicas são oficializadas como registro de estudos, pesquisas e descobertas. É com esse objetivo que o Ielusc constrói a revista Rastros – produzida pelo Núcleo de Estudos em Comunicação (Necom) para divulgar as novas idéias no campo da comunicação social — e que será lançada hoje, a partir das 19 horas, no anfiteatro.
Convidada para o evento, a professora de semiótica Irene Machado, da Escola de Comunicação e Artes da USP, irá falar sobre “Invisibilidade na comunicação”, tema transversal do semestre no Ielusc. Além da palestra, está planejada uma rápida apresentação da revista, feita pelo coordenador do Necom, Silnei Soares.
O primeiro texto é de Venício de Lima, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, e fala de aspectos contemporâneos da comunicação, principalmente sobre a convergência dos meios cujo ápice é a internet. Quem assina o trabalho seguinte – que trata da análise de projetos de inclusão digital feitos em Pernambuco – são os pesquisadores Manuela Rau e Juciano Lacerda, ambos doutorandos em comunicação. O tema webcomunicação é predominante em toda a revista. E um artigo homônimo, assinado pelo professor Adílson Cabral, da Universidade Federal Fluminense, é o terceiro texto da Rastros.
Do Paraná vem um questionamento sobre a construção do olhar a partir da análise de duas fotos da guerra do Iraque. A autora é Ana Paula da Rosa, mestranda em Comunicação e Linguagens na Universidade Tuiuti do Paraná. Outra análise, agora sobre os sistemas de atualização das notícias publicadas em dois portais de Campo Grande (MS), é de Taís Marina Tellaroli, mestranda em Comunicação Midiática na Unesp-Bauru. Em seguida, a partir da página 59, os pesquisadores Elias Estevão Goulart, Regina Rossetti e Annibal Heten Junior, do Neci (Núcleo de Estudos em Comunicação e Inovação), apresentam nove formas de busca de informação na Web e comparam as técnicas e experiências realizadas no Brasil e na Universidade de Telaviv, em Israel.
Se dividir a revista em três partes, a última iniciaria com a seção entrevista, na qual Silnei Soares e Pedro Russi conversam com a professora de semiótica Irene Machado, especialista em Mikhail Bakhtin, semioticista russo que teve a sua obra estudada pelo Necom durante todo o primeiro semestre de 2006. O penúltimo texto da Rastros é da acadêmica Daiana Ruff da Silva, bolsista do Pibic/CNPq no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, e fala sobre a experiência de iniciação em pesquisa científica. Nas últimas páginas da revista encontra-se a resenha do mais recente livro de Muniz Sodré, “Estratégias Sensíveis: afeto, mídia e política”, escrita pela ex-bolsista do Necom Melanie Peter.
Para produzir a Rastros o Necom abre um edital e o divulga em várias instituições de ensino em comunicação social do país para que pesquisadores mandem artigos. De posse dos trabalhos, os coordenadores do núcleo, Silnei Soares e Juciano Lacerda, enviam todos os textos recebidos aos pareceristas (membros do conselho editorial, que podem aceitar, rejeitar ou sugerir alterações nos textos). A partir daí, o Necom começa o trabalho de produção da Rastros.
O conselho da Rastros é composto por 11 professores doutores que são pesquisadores e teóricos em comunicação, entre eles, Pedro Demo, da Universidade de Brasília, e Nicolas Lorite García, da Universidade Autônoma de Barcelona. O único representante do Ielusc no conselho editorial é o professor Jacques Mick. Ele recebeu dois textos para analisar e os rejeitou: “Ambos muito ruins”. Os conselheiros recebem os textos sem o nome dos autores (que também não sabem quem os leu) e cada obra é avaliada por, pelo menos, dois pareceristas. Se um rejeita e outro aprova, um terceiro dará a sua opinião. Esses processos, segundo Mick, fazem parte de um critério de respeitabilidade da revista.
A Rastros é uma revista científica classificada pela Capes com o conceito Qualis A Local. Por isso tantos autores renomados enviam seus trabalhos. A linguagem acadêmica e textos complexos tornam a leitura difícil. Entretanto, o anuário não é feito para o leitor preguiçoso nem para o acadêmico distraído. É uma publicação construída por pesquisadores da comunicação para outros tantos, profissionais ou amadores.