Entre 1993 e 1994 entrou em operação o Climerh, primeiro instituto de
meteorologia de Santa Catarina com sede na Epagri, em Florianópolis. A
iniciativa de formar o centro de previsão do tempo aconteceu durante uma reunião
sobre o fenômeno do El Niño em 1992, na capital do estado. Seguindo uma
tendência da época, para a formação de centros regionais no Brasil, 14
instituições nacionais e estaduais assinaram um acordo para estruturar, sediar
fisicamente o centro regional de meteorologia e hidrologia, além de adquirir e
manter equipamentos e funcionários, garantindo o funcionamento do centro. No
final de 2004 o nome Climerh foi extinto e hoje os setores de Meteorologia,
Hidrologia, estações de coleta de dados e a Tecnologia da Informação fazem parte
do Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de
Santa Catarina) que foi criado em março de 1998, como Centro Integrado de
Recursos Ambientais.
No último concurso público estadual da Epagri em 2002, foram criadas cinco
vagas para meteorologistas e pela primeira vez na história de Santa Catarina, o
estado conta em seu quadro de funcionários com Bacharéis em Meteorologia. Cinco
pessoas ainda é um número pequeno e por isso outros meteorologistas, contratados
completam o quadro de nove profissionais com graduação, mestrado e doutorado.
Aproveitando a força de trabalho que está se formando no estado, o setor de
Meteorologia e Hidrologia do Ciram, conta com técnicos contratados, estagiários
e bolsistas do curso técnico de meteorologia do CEFET-SC.
Desde 1995 Joinville também possui uma estação meteorológica, sediada na
Univille. O centro nasceu de um convenio entre a prefeitura do município, o
Ciram/Epagri e a Faculdade de Engenharia de Joinville (FEJ). Com aparelhos de
leitura direta e o auxilio de gráficos com duração semanal, as medições são
feitas diariamente (inclusive nos finais de semana) às 9, 15 e 21 horas. Os
dados coletados são encaminhados para o Ciram de Florianópolis, que é
responsável pela previsão do tempo de todo o estado. Em 2002 entrou em operação
a segunda estação meteorológica da Univille. Totalmente automatizada, colhendo
dados todo segundo, o equipamento faz a medição de todos os tipos de radiação
solar e também da temperatura, precipitação, umidade relativa e pressão
atmosférica.
O trabalho do meteorologista
Um dos maiores problemas enfrentados pelos meteorologistas é a falta de apoio
do governo federal, que não destina investimentos para a compra de equipamentos
e qualificação profissional. “Não vale votos para as eleições. Talvez essa seja
a razão para a falta de recursos públicos”, lamenta Alessandro Barbosa, 31 anos,
geógrafo e responsável pela estação meteorológica da Univille. Os institutos
nacionais não possuem tecnologia necessária para realizar a previsão de um
furacão, como aconteceu com o Catarina em 2004. “Falta estrutura para o
monitoramento de curto prazo exigido em situações como essa”, alerta Marilene de
Lima, 42 anos, meteorologista do Ciram/Epagri. O Brasil carece de uma rede de
bóias oceânicas (os furacões se formam sobre águas do oceano mais aquecidas do
que o normal), uma melhor e maior cobertura de estações meteorológicas de
superfície (para prever as condições diárias do tempo) e uma densa rede de
radares meteorológicos para que temporais e até mesmo tornados possam ser
previstos com o tempo mínimo necessário para minimizar ao máximo os danos.
“Trabalhar como meteorologista é fantástico. É fascinante poder acompanhar e
entender todos os diversos fenômenos que acontecem na atmosfera. Mas tudo isso
requer muita responsabilidade, pois se está lidando com a natureza e sua grande
variabilidade”, comenta Daniel Calearo do Ciram/Epagre de Florianópolis. “Hoje,
há profissionais de outras áreas que gostam da nossa ciência, se aventuram a
falar sobre comportamento atmosférico, tornando o público despreparado e presa
fácil de informações desencontradas e pouco confiáveis”, alerta Marilene da
Silva. “Tem vezes que nós temos que responder pela omissão dos órgãos que
deveriam fiscalizar esse exercício ilegal da profissão, além de garantir o
cumprimento da responsabilidade profissional do meteorologista”, complementa.
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