A previsão do tempo vai muito além de uma complexa ciência. Embora o uso dos
computadores e as modernas tecnologias auxiliem esses profissionais, os
equipamentos fazem apenas uma descrição aproximada da atmosfera. Na maioria das
vezes, a arte e a experiência dos meteorologistas tornam-se fundamentais para
uma maior exatidão nas previsões. Confiar ou não nessa ciência é muito relativo.
O certo é que a meteorologia evoluiu muito nos últimos anos, mas ainda é
impossível receber todos os dados necessários para uma previsão à prova de
erros.
“Uma das frustrações dos meteorologistas é a falta de crédito por uma parte
da população. Isto tem mudado nos últimos dez anos, porém ainda existem muitas
pessoas que não confiam em previsões meteorológicas, mas acreditam em tarô e
búzios”, indigna-se o geógrafo e responsável pela estação meteorológica da
Univille, Alessandro Barbosa, 31 anos.
Os principais institutos do Brasil realizam previsões para três dias. No
primeiro dia a margem de acerto é de 95%, perdendo 20% a cada dia. Em países
como os Estados Unidos realizam-se previsões para até 18 dias, com acerto em
média de 90%. Já o Centro Europeu de Previsão do Tempo em Médio Prazo afirma que
a exatidão em suas previsões para cinco dias chega a 80%. “A necessidade fez com
que estes países investissem pesado em equipamentos e profissionais
qualificados”, explica Barbosa.
No mundo moderno a meteorologia tornou-se um grande aliado da população. Os
agricultores usam a previsão do tempo para planejar o plantio e a colheita das
safras, a tábua de marés auxilia o trabalho dos pescadores e muitos desastres
naturais, como alagamentos e desmoronamentos de encostas, acabam evitando
vítimas e perdas materiais quando são divulgados com antecedência pelos veículos
de comunicação. Uma das entidades responsáveis pela proteção da vida humana em
casos de alto risco, normalmente envolvendo desastres naturais, é a Defesa
Civil.
“Em Joinville o maior problema são os alagamentos, devido ao estrangulamento
de encostas, acúmulo de lixo e poluição em geral. Só na cidade existem 516
pontes e uma centena de rios e afluentes”, alerta o coordenador da Defesa Civil
de Joinville, Jonatas André Schmalz. O aumento do nível de maré e os acidentes
de trânsito também preocupam o órgão do município. Schmalz reconhece a
importância da meteorologia em seu trabalho: “A previsão do tempo é fundamental
para a emissão dos alertas à população em caso de graves alterações climáticas.
Fazemos o monitoramento diário por meio dos dados do instituto Ciram de
Florianópolis”.
Um bom exemplo da parceria entre o instituto de meteorologia Ciram/Epagre e a
Defesa Civil Estadual aconteceu no final de março de 2004, quando passou pelo
estado o furacão Catarina. “Na época, nosso centro, com base em informações
passadas por centros de previsão dos Estados Unidos, já experientes em fenômenos
naturais dessa proporção, tomaram a frente na situação e lançaram alertas já na
manhã de sexta-feira (27/03/04). Em coordenação com a Defesa Civil esclarecemos
a população sobre a realidade da situação, fazendo com que as embarcações
pesqueiras retornassem aos portos e proporcinase a retirada da população das
áreas de risco”, lembra a meteorologista da estação catarinense Marilene de
Lima, 42 anos.
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