Sol, calor, praia, verão... férias! Quando chega o fim do ano, a preocupação com o corpo aparece de diversas formas. As academias lotam, os produtos de beleza vendem como água, as clínicas de estética oferecem pacotes de bronzeamento, massagens e outros tratamentos. Chás, shakes e fórmulas supostamente milagrosas somem das prateleiras e passam a fazer parte das dietas. Entretanto, algumas pessoas esquecem que além da aparência é necessário cuidar da saúde desde a alimentação até a exposição ao sol: no verão, época de excessos, os cuidados incluem tanto a programação dos melhores horários para as atividades cotidianas quanto a escolha da roupa e dos acessórios mais adequados para atravessar confortavelmente as ondas de calor.
Alimentação
Esperar os primeiros dias de calor chegarem para começar a praticar exercícios e modificar os hábitos alimentares não funcionará. Segundo a nutricionista Elen Cristina Dalquano “não adianta se desesperar”. A melhor maneira de conquistar as medidas desejadas leva meses e é questão de mudança de hábitos, reeducação alimentar e prática de exercícios. “Evite alimentos com corantes, conservantes ou adoçantes. Evite frituras, mas ingira, duas a três vezes por semana, gorduras boas como o azeite de oliva, a linhaça, abacate ou açaí, e castanhas”, indica a nutricionista. Deve-se optar por alimentos integrais – que, segundo Elen, auxiliam na saciedade – e ainda consumir alimentos verde vivos, preferencialmente orgânicos.
Para economizar e, ao mesmo tempo, manter uma alimentação saudável, a dica é aproveitar as frutas e os legumes da estação, bem como acrescentar ao cardápio o peixe grelhado, que é mais barato no verão. As três porções de frutas diárias e as duas de legumes podem adequar-se ao bolso quando a escolha for salada verde, melancia, melão, tangerina, laranja, maçã ou banana. “Os sucos naturais podem ser enriquecidos com couve-manteiga ou hortelã congelados em cubo”, recomenda a nutricionista.
Elen avisa que a hidratação constante é o principal cuidado que se deve ter. O hábito colabora com a saúde e as células bem hidratadas ajudam a potencializar o bronzeamento. “Ingerir água ao longo do dia, sucos de frutas naturais com ingredientes como gengibre, hortelã, pepino, cenoura e laranja também ajudam a hidratar e a nutrir, bem como frutas e legumes vermelhos, laranjas ou verde escuros”.
Além da água mineral, a água de coco é uma alternativa para hidratar-se, pois é considerada um isotônico natural. “Em 100 ml apresenta cerca de 250 mg de potássio, a porcentagem total das necessidades diárias, 105 mg de sódio, metade do valor recomendado por dia, e boas doses de cálcio, magnésio e vitamina C”, explica a nutricionista. Por conta dos valores nutricionais, ela não deve substituir totalmente a água mineral, mas é recomendada após atividades físicas. Águas gaseificadas e com sabores – como os refrigerantes – devem ser evitadas, pois contêm adoçantes e aumentam a retenção hídrica.
Mudança de horário
O horário de verão é um sistema organizado para aproveitar melhor a luz dos dias de verão – que são mais longos – e reduzir o consumo de eletricidade. Nesse período, segundo a Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), a economia é de 5%. Em 2009, o horário de verão brasileiro começou no dia 18 de outubro e segue até o dia 21 de fevereiro de 2010.
Apesar dos impactos econômicos e ambientais positivos, o calor excedente e a preocupação com a saúde fizeram o deputado Valdir Colatto (PMDB/SC) criar um projeto de lei que pede a extinção do horário de verão. A justificativa para o projeto é que, segundo Colatto, os idosos e trabalhadores rurais são prejudicados e a economia de eletricidade é pouco benéfica aos consumidores.
O cientista e político Benjamin Franklin foi o primeiro a sugerir que os relógios fossem adiantados para aproveitar melhor a luz solar, em 1784, nos Estados Unidos. A ideia não foi aceita pelo governo norte-americano, mas durante a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi o primeiro país a adotar oficialmente o horário de verão. No Brasil, a mudança no relógio é vigente todos os anos, desde 1985.
Atualmente 30 países utilizam o horário, entre eles membros da União Europeia, Rússia, Turquia, Cuba, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Paraguai, México, Canadá e os Estados Unidos, cada um de acordo com seu verão. Como a mudança do horário beneficia os locais mais distantes da Linha do Equador, no Brasil os estados que adotam a medida são Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Cuidados com a pele
Doenças de pele não são consequências só da estação e também não se restringem às pessoas mais velhas. Segundo a dermatologista Valéria Gomes Lisboa, os idosos têm a pele mais fina, mas são os cuidados com ela que vão determinar a sua saúde. Valéria explica que o horário de exposição ao sol deveria ser respeitado. “O correto, para não prejudicar a pele, é aproveitar o sol até as nove da manhã e após as quatro da tarde”, orienta.
Outros cuidados para manter a pele bonita e saudável no verão são o uso de protetor solar, de hidratante após os banhos, de produtos pós-sol, de protetor labial e, para completar, é indicado optar por uma alimentação mais leve e ingerir, pelo menos, dois litros de água por dia. Uma medida interessante, segunda a dermatologista, é usar chapéus ou bonés para proteger partes como a nuca e as orelhas. “O sol não está só na praia, está na cidade também”, lembra Valéria. Algumas pessoas usam óculos de sol, chapéus ou bonés somente na praia, esquecendo-se da proteção no dia-a-dia. A especialista fala que os óculos grandes ajudam a proteger o rosto, bem como os chapéus que devem ser escolhidos conforme a pele da pessoa: quanto mais sensível, maior deverá ser a aba do chapéu.
Sobre a queda de cabelo causada pelos bonés, Valéria afirma: “É mito”: um boné muito apertado, entretanto, pode pressionar o couro cabeludo e aumentar a queda que já teve início, por isso é importante escolher o acessório no tamanho certo.
Moda e saúde
De aba grande ou pequena, de palha ou de algodão, bonés ou viseiras. Nesse verão a moda veio acompanhada de proteção e os chapéus, literalmente, fizeram a cabeça dos consumidores – sejam idosos ou crianças. Além das coberturas, os grandes óculos de sol vistos nas vitrines são cada vez mais usados pelas pessoas preocupadas com a saúde.
Segundo a vendedora Michele Raissa Lohmann, os chapéus têm sido muito procurados, principalmente pelas mulheres. Eles custam de R$ 35 a R$ 80, dependendo do tamanho e do material. “Muitas delas compram porque acham bonito”, comenta.
Atualmente no mercado existem produtos criados especialmente para proteger o corpo dos raios ultravioletas. Na empresa UV line, certificada pela Agência Australiana de Proteção à Radiação e Segurança Nuclear (Arpansa), alguns tecidos são feitos com fios especiais à base de dióxido de titânio e outros como o algodão, por exemplo, recebem um aditivo no momento do tingimento que funciona como absorvedor de raios ultravioletas. Suas roupas e acessórios, assim, têm 98% de proteção solar.
Segundo Gizele Leivas, analista de marketing da farmácia de manipulação Francine Ghanem, a procura pelos chapéus com proteção solar é imensa. “Vendemos cerca de seis chapéus por dia”, calcula. Gizele confirma suas maiores freguesas são as mulheres que compram os chapéus para os maridos e, principalmente, para os filhos.
Os chapéus com proteção solar masculinos custam entre R$ 50 e R$ 60 e os femininos entre R$ 60 e R$ 200. Os mais caros – e mais vendidos – são aqueles com aba maior. “As mulheres compram os chapéus não só pela beleza e pela moda, mas pensando na saúde”, afirma Gizele.