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Matéria 8798, publicada em 26/08/2009.


:Jéssica Michels

Mick lecionou Rádio, Redação e História da Comunicação

Um "até logo" ao gentleman

Jéssica Michels



A partir do segundo semestre de 2009, o currículo Lattes do professor Jacques Mick passará a registrar uma nova função – agora como professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mick se despediu do curso de Comunicação Social do Ielusc na terça-feira (18 de agosto), com a sua última aula de Redação II para os calouros da habilitação em Jornalismo. O desligamento se dará de maneira sutil: Mick manterá vínculos com o curso por conta da publicação de dois livros e pela orientação de quatro monografias – duas em andamento – mesmo não sendo remunerado. Nos últimos oito anos, Mick deu aulas de Rádio, Redação (1, 2, 3, 5 e 6) e História da comunicação, orientou 35 alunos e integrou a banca de avaliação de 19 monografias.

A elegância, característica de Jacques Mick, vem desde o segundo grau, lembra a ex-colega Iara Bonfiglio. Aos 15 anos, além de ser sempre bem-educado, falava corretamente o português – fazendo as meninas suspirarem e, consequentemente, causando inveja nos amigos. A opção pela comunicação é influência de uma trajetória familiar: o pai sempre trabalhou em rádio. Houve também uma breve convivência religiosa que o fez conhecer Leonardo Boff e as teorias marxistas, levando-o à militância e à presidência do grêmio estudantil da Escola 25 de Julho, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Foi com essa sensibilidade social e vontade de justiça que Mick escolheu o jornalismo, em 1987.

Independente da família, Jacques Mick morava sozinho desde o ensino médio e foi dessa forma que também viveu enquanto cursava a faculdade. Logo na metade do curso, foi convidado por Frank Maia, chargista do jornal A Notícia, para trabalhar no Sindicato dos Bancários, onde Samuel Pantoja Lima era seu chefe. Com 21 anos, Mick já havia comprado um apartamento. Em 1º de maio de 1992 formou-se em Jornalismo e, dois anos depois, casava-se com Deise Freitas. Logo decidiu fazer mestrado e, na sequência, o doutorado. No meio desses estudos, em 1995, junto com Gastão Cassel, criou a Quorum, uma empresa de comunicação de Florianópolis. A vida como profissional da educação iniciou em 2001, no Ielusc, lecionando a disciplina de Rádio.

Guitarra, jazz e vinhos

Jacques Mick é um intelectual compulsivo, leitor sem limites. Distrações como redes sociais (orkut, msn, twitter) nem lhe passam pela cabeça. Para ele, isso tomaria muito do seu tempo e não teria como dar atenção aos amigos virtuais. Um dos seus hobbies é tocar guitarra, sonho que vinha sendo adiado até o dia em que ganhou o instrumento como presente de Gastão, seu melhor amigo – "ele vivia falando em música... mas só falava", revela o sócio. Começou a estudar e logo comrou uma guitarra Yamaha, em Buenos Aires, que ele chama carinhosamente de "Pretinha". Agora já toca bem, especialmente jazz. O gênero faz jus ao estilo clássico do professor, que também se reflete no conhecimento de vinhos. Segundo Gastão, isso rendeu jantares memoráveis e, nos encontros dos professores, Jacques é quem prepara a salada, fazendo obras de arte. O gentleman faz algumas alunas se encantarem com ele, mas nega que seja um símbolo sexual: acha que já está muito velho para isso, beirando os 40 anos.

Samuel Pantoja Lima, o Samuca, foi seu chefe primeiro no Sindicato dos Bancários de Florianópolis, depois no Ielusc, e diz que Jacques nunca foi um subordinado. “Ele construiu um conceito de jornalismo sindical exemplar para o país”, resume. Audacioso para a época, Mick levou o clássico jornalismo para o contexto de greve, abrindo o texto com uma narração da cena, do clima e da tensão da situação do Besc. Samuca considera Jacques o seu “guru epistemológico”, embora Mick não concorde. Para o ex-colega de tantos anos, Jacques tem uma elegância perfeita, preza o conteúdo das próprias aulas e, durante os debates, é convicto no que diz. “Acho que vai fazer um sucesso brilhante”, prevê Samuca.

Para o melhor amigo, Jacques tem apenas um defeito: “Ele é colorado, isso é um insulto, pois sou gremista”. Outro ponto negativo é o jeito arrogante, mas isso, segundo Gastão, vem do perfeccionismo. “O Jacques preza pela perfeição, sempre tem uma planilha na mão com suas tarefas, as coisas para fazer, é bem organizado... É diferente de mim, que sou um pouco caótico, que trato mil coisas ao mesmo tempo”, ressaltou.

Leia e ouça aqui a entrevista com Jacques Mick.

Comentários dos leitores
 

  • 9-/-0/2009 -

    Silnei []:

     

    Vai fazer falta!.

     

    Grande JM! Já te parabenizei via e-mail, mas deixo registradas aqui publicamente minhas felicitações por essa nova conquista. Felizes os que tiveram o prazer de tua companhia durante esses oito anos em que fizeste parte do corpo docente. Teu comprometimento com a qualidade da formação dos alunos - seja em sala de aula, seja nos bastidores - vai ficar marcada como exemplo e como meta a ser constantemente perseguida. Boa sorte, companheiro!.

  • 9-/-0/2009 -

    Fe Lange [Jlle]:

     

     

    Professor inesquecível...

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