Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 8465, publicada em 26/05/2009.


:Jéssica Michels

Protógenes na palestra na Câmara de Vereadores

Protógenes participa de coletiva e palestra

Marcus Vinícius Carvalheiro


Em entrevista no anfiteatro do Bom Jesus/Ielusc, o delegado afastado da Polícia Federal Protógenes de Queiroz foi enfático ao falar das relações entre política, corrupção e interesses privados. Na coletiva que ocorreu na tarde de segunda-feira, Protógenes comentou as repercussões de suas últimas investigações como a operação Satiagraha, negou filiação a partidos políticos e acusou figuras importantes como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de participarem do “poder avassalador” que, junto à corrupção, ainda persistem no governo federal.

Logo no inicio da entrevista, às 16h30, Protógenes esclareceu que as últimas operações atingiram “altos escalões” da sociedade. O resultado desse trabalho foi a descoberta de grandes esquemas e, afirma, “valores de uma ordem que não é vista em outros países”. O delegado também relatou outros casos em que trabalhou, como a prisão do ex-governador de São Paulo Paulo Maluf, do contrabandista Law Kin Chong, do doleiro Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

Quando perguntado sobre sua possível ligação ao PDT ou ao Psol, o delegado disse que esses dois partidos apenas tomam uma postura pública “contra a corrupção”, assim como o objetivo de seu próprio trabalho. Ele ainda ressaltou que esses boatos servem apenas para favorecer novos processos que tendem a “inverter os valores” de sua profissão. “Até 2010 o Protógenes vai navegar nessas águas turvas”, concluiu o delegado, se referindo às especulações eleitorais.

Ainda na coletiva, o delegado demonstrou preocupação com as relações midiáticas que compõem a política brasileira. Falou das acusações que sofreu através da imprensa, especialmente da revista Veja e da Rede Globo que, por sua vez, também sofrem influências dos seus acusados, como o banqueiro Daniel Dantas. Protógenes também refletiu sobre o importante papel das faculdades na formação dos jornalistas, responsáveis pela informação que chega à população.

Palestra na Câmara de Vereadores

Depois da coletiva e da visita que fez ao Bom Jesus/Ielusc, o delegado se dirigiu à Camara de Vereadores de Joinville para a palestra “Estado Brasileiro e a relação do público-privado”. Protógenes iniciou sua fala às 19 horas, fazendo uma análise entre a época da Coroa Portuguesa e a atual corrupção do Brasil. Segundo o profissional, o estado continua fomentando o mesmo sistema de baixos salários e de exploração da época do reinado.

Retomando os temas levantados pela imprensa à tarde, o delegado voltou a falar de Dantas e dos desdobramentos de suas investigações. Explicou como o poder financeiro dos grupos que dominam o país mantém “bandidos” como o banqueiro livres. Falou sobre as outras pessoas que compõem esse grupo e não citou nomes, mas garantiu que “são sempre os mesmos” e que podem ser reconhecidos por qualquer pessoa que buscar os dados sobre corrupção nos últimos anos. Entusiasmado, o profissional se comprometeu em voltar a discutir uma maneira de associar os procedimentos investigativos do jornalismo e da Polícia Federal a fim de desenvolver teorias para as faculdades.

Protógenes também ressaltou a importância de discutir a ética e a moral nas universidades e elogiou a preocupação dos organizadores da palestra e da instituição de ensino em trazer e debater temas como esses.

Entre outros assuntos abordados na palestra, Protógenes defendeu a participação da população nas decisões públicas: declarou-se favorável à luta dos estudantes pelo passe livre no transporte coletivo em Joinville e criticou os métodos e a atuação das autoridades do Mato Grosso do Sul contra os acadêmicos que lutam pelo mesmo objetivo.

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