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Matéria 7876, publicada em 11/02/2009.


Aula magna de PP discute o conceito de plágio

Gleber Pieniz


Em tempos de fluxo de informação em alta velocidade e de relativização dos conceitos de autoria e originalidade, o curso de Publicidade e Propaganda abriu o ano letivo com uma aula que discutiu, em termos bastante amplos, o plágio. Para o debate na noite de terça, 10 de fevereiro, foram convidados o advogado Marco Schettert, os professores e publicitários Antônio Pinto e Paola Stumpf, além das publicitárias formadas no Ielusc Francine Bueno e Fernanda Sponchiado. No centro das discussões que encheram o anfiteatro especialmente com alunos dos primeiros semestres estava a peça gráfica produzida por Fernanda e Francine em 2006, trabalho original cujos aspectos formais e conceituais se refletem de forma constrangedora no VT lançado em 2008 pela agência Fórmula Comunicação, de Florianópolis.

Advogado do Ielusc, Marco Schettert resgatou na lei a figura do direito autoral, apresentando-o como, talvez, um dos principais e mais autênticos direitos sobre a propriedade na sociedade contemporânea, em especial no campo da arte e da comunicação. De acordo com Schettert, os profissionais dessas áreas – tão criativos e descontraídos – precisam aprender um pouco mais a respeito de seriedade com técnicos e cientistas. Em busca de subsídios teóricos e formais para embasar um futuro processo por plágio contra a agência de Florianópolis, o advogado limitou-se a ouvir os argumentos de professores e alunos, mas fez questão de frisar o caráter exemplar que ações institucionais e jurídicas como essa exercem sobre muitas das práticas abusivas de mercado.

Em “causos” ou na telona, os muitos episódios semelhantes de plágio ou semelhança de forma e conteúdo na publicidade apresentados pelo professor Pinto enfatizaram a dificuldade em avaliar originalidade e autoria no campo da comunicação. Ainda que acredite em plágio no caso do VT da agência Fórmula para o Hemosc, o professor frisou que aspectos como cores, tipologia, layout e conceito de criações distintas, quando semelhantes, não podem ser inicialmente acusados como plágio, exigindo dos profissionais um refinamento e uma sensibilidade crítica muito apurados – o que varia de caso para caso.

Na mesma linha de raciocínio seguiu Paola Stumpf: ela lembrou que em comunicação é necessário distinguir o plágio de outras formas mais sutis de apropriação como a citação, a homenagem, a paródia ou mesmo a simples partilha de referências comuns. Para ela, é justamente na busca de referências que muitos profissionais cometem erros elementares e colocam toda a credibilidade do seu trabalho a perder. A mais básica pesquisa no Google por campanhas que já foram produzidas a respeito do mesmo tema, disse a publicitária, não só evitaria uma série de constrangimentos mas também daria início a um trabalho de criação mais consistente.

Visivelmente convencida da ocorrência de plágio entre os dois trabalhos em questão, a platéia limitou-se a problematizar os aspectos éticos e sociais do caso. Em maioria, os calouros de PP restringiram-se a acompanhar a troca de idéias entre professores – que resgatavam do campo da música e do cinema casos semelhantes de apropriação – e veteranos, que mostravam mais preocupação com eventuais manchas à imagem do Hemosc, o cliente, em caso de um processo contra a agência de publicidade.

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