Oito candidatos a vereador nestas eleições de 2008 andam, ou algum dia já andaram pelos corredores do Ielusc. Entre eles estão os ainda estudantes de Jornalismo Sared Buéri (PT), de São Francisco do Sul, Valmor Gonçalves de Lima (PDT), de Itapoá, e Claudia Santos (PMDB), de Barra do Sul. Altair Nazário (PP) e Patrício Destro (DEM) fizeram grande parte do curso e prometem se formar. Dos que já se formaram, concorrem ainda Adilson Girardi (PSL) e Edilson Duarte (PT). Douglas Gonçalves (PV) também quer ser vereador, mas desistiu do curso de Publicidade e Propaganda em fevereiro deste ano. Entre os talvez futuros parlamentares ielusquianos, Claudia e Edilson nunca exerceram a profissão. Quatro dos aspirantes ao cargo de vereador são filiados a partidos considerados de direita, enquanto outros quatro são ditos esquerdistas. Cinco dos sete alunos e ex-alunos de Jornalismo pretendem deixá-lo para ser exclusivamente vereadores, caso eleitos.
Todos os candidatos afirmam que exerceriam o papel de jornalista e cidadão, denunciando alguma irregularidade que presenciassem na Câmara, mesmo que fosse de alguém do mesmo partido — apesar de admitirem que esse fato dificultaria a denúncia. Mas apenas Claudia Santos, que já é vereadora em Barra do Sul, levou isso para a prática: foi uma das responsáveis pela produção de um dossiê de 1.200 páginas que resultou na cassação do ex-prefeito da cidade, Mickey. A denúncia aconteceu por irregularidades percebidas nas licitações para a realização de festas e promoções artísticas. Curiosamente, o ex-prefeito, quando eleito, pertencia ao PT e, durante seu mandato, passou para o DEM.
Patrício Destro, Sared Buéri e Edilson Duarte têm uma projeção maior na área jornalística. Patrício trabalha da TV e Sared e Edilson, no rádio. Todos acham que suas chances de ganhar são maiores pelo fato de já serem conhecidos. “Por ser popular, as pessoas votam em mim sem ao menos se preocupar se sou de esquerda, direita ou qualquer outra coisa. É por isso, e só por isso, que caras como Clodovil, Nilson Gonçalves e etc. se elegem. Se aproveitam da ignorância política, vínculos afetivos dos ouvintes e telespectadores, e se elegem”, acusa Sared.
Quanto a conciliar o cargo eletivo, caso eleitos, e a vida profissional como jornalista, Altair é categórico: acha que a Câmara é um local que merece dedicação exclusiva, e o exercício da profissão de jornalista durante o mandato o deixaria sem credibilidade por ter uma posição partidária assumida publicamente. Patrício Destro não é da mesma opinião: ama o jornalismo e quer continuar na área. O candidato pelo DEM acredita que o fato de estar na rua fazendo matéria e ouvindo a população é uma ferramenta importante na elaboração de bons projetos. Edilson Duarte, quando formado, em 2003, já trabalhava no ramo da ferramentaria e tinha estabilidade, preferiu não arriscar. Claudia Santos não pensa em exercer a profissão agora por já ser vereadora. Ela chegou a fazer seis meses de Direito, mas desistiu por causa da Câmara, do marido, dos filhos e da outra faculdade, a de Jornalismo. Não desistiu desta última porque era a que estava mais próxima do fim e ainda pensa em fazer Direito um dia.
Segundo a maioria dos candidatos ielusquianos, os partidos, atualmente, não têm uma posição ideológica claramente definida. Adilson Girardi, cuja filha está cursando o segundo semestre de Jornalismo, sempre foi filiado ao PMDB, mas sentia que não havia espaço para que ele se expressasse. Recebeu um convite para o PSL e aceitou por dois motivos: primeiro, porque lá teria mais espaço para divulgar suas idéias, e segundo porque, em tese, talvez consiga se eleger com uma quantidade menor de votos, pelo fato de o partido ser pequeno.
Neste ano, os vereadores da Câmara de Joinville aprovaram para si mesmos um aumento de salário em 36%. Nenhum dos candidatos ielusquianos pertencia a esta legislatura. Quando questionados se fariam o mesmo, eles responderam unanimemente que não aprovariam este aumento excessivo: apenas seriam a favor de um acréscimo igual ao dos demais servidores públicos. Em Barra do Sul, cidade de Claudia Santos, o salário dos vereadores é de R$ 1.800,00, sem assessores nem verba de gabinete. Um aumento para a próxima legislatura foi aprovado este ano, e o salário passará a R$ 2.300,00. Claudia é a favor deste aumento, pois, para ela, "o salário deve ser melhor para que o vereador trabalhe corretamente". Valmor Lima, que adotou o nome de guerra de Valmor Jacaré para as eleições, disse que o salário de vereador deveria ser revertido para a comunidade. Já Altair Nazário declarou que não negaria que aprovaria um aumento, pois estaria sendo “hipócrita” ao fazê-lo. Para o candidato, o aumento do próprio salário, no caso dos vereadores, não é ilegal, mas é imoral.