Munido de um guarda-chuva preto com o cabo quebrado, o fiscal ambiental da
Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente), Elcio Souza, 46 anos, observava a
caixa de passagem localizada em frente ao bloco A da unidade central do Ielusc.
A proteção foi utilizada para enfrentar o calor de 38 graus que fazia em
Joinville por volta das 14h de ontem, 3 de setembro, quando teve início a
fiscalização. Outras 14 caixas foram instaladas na área ocupada pela instituição
e serão inspecionadas por Elcio, que voltou hoje ao Bom Jesus. As obras
começaram após a notificação enviada pela Fundema à faculdade, pedindo a
regularização da rede de esgoto.
Para que o fiscal pudesse verificar o
funcionamento correto dos tubos, os estagiários de engenharia ambiental Murillo
Bittencourt Fernandes, 19 anos, e Elisabeth Kurtz, 20 anos, despejaram corantes
nos ralos das pias e nos vasos sanitários do Bom Jesus/Ielusc. Como a caixa
d'água esvaziou, o agente operacional Antonio Carlos Gonçalves de Souza, 53
anos, encheu baldes com água e jogou com a coloração, facilitando a chegada da
mistura nos tubos de passagem. Se o líquido estivesse pigmentado, demonstraria
uma instalação regular e ligada à rede pública de esgoto.
Antes da
manutenção, a instituição utilizava um sistema de fossas que precisou ser
abandonado, pois, segundo a engenheira civil da Companhia Águas de Joinville
Charlotte Elisa Maehl, não havia a possibilidade de identificar se os dejetos
estavam seguindo para a galeria pluvial em frente à prefeitura. Devido à
mudança, o material será direcionado para a ETE (Estação de Tratamento de
Esgoto) da cidade. Quatro
irregularidades foram encontradas: a falta de duas caixas de gordura (uma no
Bloco A e outra no bloco C); ausência de um sifão, que deverá ser instalado na
caixa de gordura da cantina; dois ralos devem ser trocados por tampas, para que
não ocorra a mistura da água da chuva com a rede coletora; e uma pia do
Laboratório de Enfermagem ainda ligada à rede pluvial. A ausência da caixa de
gordura poderá acarretar entupimento da tubulação, segundo o fiscal ambiental.
Para realizar as modificações, o Ielusc terá um prazo de 30 dias.
Em
Joinville, 14,82% dos imóveis recebem cobertura da rede de esgotamento
sanitário. A Águas de Joinville pretende aumentar esse número. Para que isso se
torne possível, a companhia assinou contrato com a Caixa Econômica Federal e tem
mais dois convênios em andamento: um com o BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) e outro com o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), do
governo federal, conforme consta no site da companhia.
Elcio contou que
em algumas residências, a Fundema encontrou resistência para fazer a inspeção.
Nesses casos, a fundação envia uma notificação com multa de 5 UPMs (Unidade
Padrão Municipal), equivalentes a R$ 797,90. O mesmo ocorre quando a vistoria é
feita mas são encontradas irregularidades. O proprietário do imóvel não
inspecionado tem 20 dias para recorrer, justificando o porquê de não ter
aceitado a fiscalização. Caso seja deferido, o cidadão receberá um prazo para
regularizar e o abono do valor.