Reunir filmes para estudar o tempo. Assim Paulo Guilherme Horn concebeu a 
pesquisa denominada “Tempo”. Na apresentação do dia 12 de agosto, sete partes de 
seis filmes ilustraram como se alonga a passagem do “tic” ao “tac” do relógio — 
“a capacidade do tempo de durar”. Guiado por Nara Marques através dos caminhos 
de Gilles Deleuze, Henri-Louis Bergson e outros teóricos, Paulo passou pela monografia 
com um 9,5 declarado na sala C-27.
O tema da pesquisa não remete diretamente às práticas do jornalismo. Ramayana 
Lira, professora da Unisul, participou da banca e parabenizou o Ielusc por dar 
oportunidade a trabalhos com temáticas mais abrangentes. Já Paulo teceu críticas 
à escolha limitada do que desenvolver na disciplina projeto experimental. Ele 
tentou rodar um curta-metragem baseado no conto de sua autoria, chamado 
“Contorno”, que está presente na monografia, mas são permitidas experimentações 
em quatro áreas: rádio, assessoria, meios impressos e vídeo (este permite apenas 
gêneros jornalísticos, como o documentário).
“A idéia de estudar o tempo surgiu pelo fascínio que as narrativas de fluxo 
de consciência exerceram tanto sobre minha leitura quanto sobre a minha 
escrita”, justificou Paulo na primeira frase do texto de sua apresentação. Ele 
analisou 15 filmes, “pois estes [todas as produções cinematográficas] parecem 
dispor de mais recursos para trabalhar a abstração do tempo, recursos que se 
tornam escassos na literatura”. A busca por obras em que os ponteiros (que rodam 
360 graus em torno de um eixo em comum) sejam imprescindíveis culminou na 
divisão em casos simples e casos complexos de tempo. A cena de conflito entre os 
pistoleiros no filme “Era uma vez no Oeste” é exemplo do tipo simples — “a dança 
da morte” é mais longa que a matematização feita do tempo, o que remete à 
abstração. O período se enche de detalhes que o transbordam. 

“Efeito Borboleta I” é um caso complexo, segundo Paulo. Ele explica que “há a 
criação de uma percepção dupla”, quando o protagonista vive um retorno a 
momentos não vividos no passado, partindo dos conceitos que Bergson desenvolve 
sobre o corpo, a percepção de imagens e a memória. Lacunas da memória do 
personagem são preenchidas e o corpo convive com essas novas experiências 
adquiridas. Enquanto a viagem acontece, o corpo abandonado no presente sangra. 
Um sangramento que dura menos que o conjunto de cenas que o antecederam. Para 
Ramayana, o teórico Bergson não foi “potencializado” nos filmes. Ela considerou 
“Tempo” um trabalho de “fôlego” e o recomendou para os alunos que queiram 
conhecer Bergson.
O professor Sílvio Melatti, do Ielusc, elogiou o desenvolvimento textual da 
pesquisa que reuniu “clareza e simplicidade, que esboçam segurança ao tratar de 
temas complexos”. Paulo foi colocado por Melatti, em meados do curso, dentro do 
grupo dos “relapsos atávicos” — composto por alunos de potencial sem assiduidade 
na entrega de trabalhos. O professor perguntou brincando se a pesquisa era uma 
vingança pelos velhos tempos. O aluno respondeu com risos. Outra inquietação por 
parte do avaliador foi o porquê de Paulo ter ignorado o jornalismo se a questão 
do tempo está presente nos textos noticiosos analisados em aula. Paulo afirmou 
que não pretende entrar no mercado pelas portas jornalísticas e que fará 
mestrado na área de letras ou literatura. “Ironicamente, tive minha pesquisa 
também limitada pelo Tempo (de entrega da monografia). Mas este estudo, não 
tenho mais como limitá-lo em duração pela minha vida afora”, comentou.