A comunicação só existe porque as pessoas não conseguem chegar a um acordo. É o que pensa o ex-professor do Ielusc — atualmente na Unisinos — Alexandre Rocha da Silva, participante da mesa-redonda que estará entre as comemorações dos 10 anos do curso de Comunicação Social (nesta sexta-feira, às 19h, na Mitra Diocesana). Já que um dos temas do debate é o futuro da comunicação, a Revi procurou saber o que pensavam sobre o assunto os participantes da discussão há alguns anos.
Alexandre, que deu aulas aqui de 1998 a 2001, diz que apenas se tornou menos radical. Segundo ele, estava muito associado à semiótica pela sua formação acadêmica. Mas acha que a comunicação ainda é uma produção de diferenças: se todos se compreendessem, ela não seria necessária. Alexandre crê que a comunicação não deve ser comum. Se ela tornar-se algo comum, irá morrer. A mudança principal veio com a internet, que tornou tudo mais imediato. O ex-professor do Ielusc propôs a fundação do Necom (Núcleo de Estudos em Comunicação) e participou da elaboração da grade curricular que entrou em vigor em 2002 — sendo substituída pela que iniciou este ano.
Jacques Wainberg tem uma inquietação de algum tempo em relação às novas tecnologias. Um dos primeiros “a chegar no Ielusc”, acredita que não há como fazer profecias em relação ao futuro da comunicação, lançar certezas. Para ele, a ciência está mudando o mundo assim como a TV e a internet o fizeram. A diferença é que cada vez é necessário menos tempo para que essas mudanças ocorram. Entretanto, por mais que o mundo virtual afaste fisicamente as pessoas umas das outras, mais elas sentem necessidade do face-a-face. Uma prova disso são os shoppings center, que estão servindo como local de encontro em vez de templo de consumo.
Valdete Niehues, que dá aulas no Ielusc desde 1998, pensa que o futuro da comunicação é uma questão para reflexão. Quanto à importância do curso de Comunicação Social para Joinville, a socióloga crê que o Ielusc melhorou o mercado profissional no sentido de lançar a necessidade de pessoas formadas. Mesmo assim, aqui os profissionais não têm autonomia: ou eles se adaptam à empresa, ou são demitidos. Para ela, na cidade, a comunicação não pode exercer seu papel social porque as empresas querem economizar. Profissionais sem formação são mais baratos.
Cátia Schuh, que já foi professora e uma das coordenadoras da AEP e hoje é coordenadora na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/Porto Alegre), afirma que sua visão sobre o futuro da comunicação não mudou. Para ela, cuja área é a publicidade, ainda há sempre uma busca pela linguagem ideal a ser utilizada nos mais diversos meios. Esse ideal ainda não se concretizou, nem ela o vislumbrou. Cátia diz que a publicidade sempre precisa se adaptar aos novos meios de comunicação que surgem. Sobre a AEP, a ex-professora do Ielusc cita um diferencial das outras nas quais trabalhou: não é uma agência comercial, pois não cobra pelos trabalhos que faz.
Em 2001, a leitura sobre a comunicação, de Jacques Mick, era menos elaborada. Para ele, deve-se pensar o jornalismo como um saber, e não como uma prática ou ofício. Segundo Jacques, o jornalismo pode ser pensado teoricamente, muito mais que a publicidade. Se há uma frase-chave para o texto apresentado pelo professor na já tradicional aula inaugural de jornalismo deste ano, é: jornalismo não é fazer, é pensar.
Serviço:
A Mitra Diocesana fica na rua Jaguaruna, 147, próximo à sede do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. Para ver no mapa o percurso, de carro, do Ielusc (ponto A) até a Mitra (ponto B), clique aqui. Para ir a pé, o caminho mais fácil é pegar a rua do Príncipe e ir até a Padre Carlos — em cuja esquina está a Casa Sofia, de um lado, e a Banca Richlin, de outro — e caminhar até o Corpo de Bombeiros. A rua do Corpo de Bombeiros já é a do destino. A Mitra Diocesana fica nessa rua, a Jaguaruna, no número 147, no lado esquerdo.