O debate sobre a “Concentração da mídia em Santa Catarina”, que aconteceu na quinta-feira, 21 de setembro no auditório do Bom Jesus/Ielusc teve um grande número de participantes – 115 pessoas foram contadas durante o evento.
O primeiro a falar foi o presidente em exercício do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Josemar Sehnem. Ele expôs dados de faturamento de ambas as empresas. A RBS é o quarta maior empresa de comunicação do Brasil, sendo que no ramo de televisão só perde para a Rede Globo.
Depois, a vez foi de Valci Zucoloto, representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. Ela veio substituindo o coordenador geral Celso Schroeder, que não pôde comparecer devido à morte do pai. Valci deu sua opinião sobre o assunto e analisou as situações no contexto do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Segundo ela, a RBS está trilhando em Santa Catarina o mesmo caminho percorrido no Rio Grande do Sul. “A única diferença é que lá eles ainda não conseguiram comprar o principal concorrente: o jornal Correio do Povo”. Para ela, o que mais incomoda nessa questão é o fechamento dos postos de trabalho e a concentração da informação somente em um grupo.
Por último a palavra ficou com o presidente da Fenaj, Sérgio Murilo de Andrade. Ele começou a explanação falando sobre a falta de alguns representantes da sociedade no debate. Segundo o presidente, foram feitos contatos com 11 promotores do ministério público e nenhum deles pôde comparecer. “Esse é o primeiro reflexo do negócio. O medo dessas pessoas divulgarem suas opiniões”. Além disso, fez questão de frisar que a compra do jornal joinvilense fere a legislação, afinal um grupo não pode ter jornal, televisão e rádio ao mesmo tempo. Para ele, do ponto de vista do mercado publicitário também é prejudicial. “Não tem com quem negociar. É só um negociador, um mesmo dono”.
Sérgio Murilo também falou sobre o jornal A Notícia. Chamou a atenção para o fato de que “só se compra o que está a venda”. Segundo ele, a história de que a diretoria da RBS teria vindo aqui e ameaçado implantar um jornal concorrente, é folclore. “Os donos do AN não eram do ramo jornalístico, talvez isso tenha pesado bastante”.
A Fenaj está se organizando para entrar com um processo contra a operação. Estão formulando um documento cuidadosamente para diminuir os riscos de derrota. “Acho que a ação não vai ser bem sucedida, pois é um negócio de mercado. Duvido que revoguem a decisão. Mesmo assim, a federação vai recorrer, afinal é preciso fazer alguma coisa”, declara o presidente da federação de jornalistas.