A temporada de defesas de monografia do novo semestre está quase acabando.
Dez, de acadêmicos de publicidade, foram apresentadas em julho e, das outras 11
que restavam, apenas o da aluna de jornalismo Karine Kavilhuka ainda não foi à
banca. Se comparado a semestres anteriores, este teve um número reduzido de
apresentações. Em compensação, alguns trabalhos trouxeram inovação na proposta
expositiva e de conteúdo, atraindo a atenção do público e gerando discussões
acaloradas.
Na sexta-feira, dia 11 de agosto, a aluna de jornalismo Betina Weber defendeu
seu ensaio monográfico ousadamente intitulado “Morri”, no qual ela discute a
questão da morte num tom poético e literário, pautada em autores como Agamben, Blanchot e Foucault. O tema e a abordagem, um tanto quanto inusitados,
despertaram a curiosadade do público, que lotou a Deutsch Schule. Apesar dos
argüidores Pedro Russi e Caco Santos ( Unisul) terem ficado “plenamente
satisfeitos” com o texto e com a apresentação (a ponto de darem nota máxima)
houve quem estranhou a “não-defesa” do trabalho – Betina utilizou seus vinte
minutos de fala para a leitura de uma carta de autoria dela mesma. “Achei que
ela não mostrou a que veio. Esperava que a apresentação fosse além de uma
simples leitura”, diz o aluno de jornalismo Roelton Maciel. Betina argumenta que
a idéia foi discutida com seu orientador, Felipe Soares, e que “a monografia é
apresentada para a banca e não para o público, sendo assim, tendo em vista o
tema escolhido, nada melhor do que uma carta de despedida”.
Não menos ousada foi a proposta de Robson Silva, que apresentou seu trabalho
no sábado, dia 12. Também em forma ensaística e literária, ele promove um
encontro fictício entre três grandes nomes do novo jornalismo (Tom Wolfe, Gay Talese e Joel Silveira) no Anthurium Parque Hotel, em Joinville. Com
esse pano de fundo e acrescentando um perfil da cidade que remete aos textos de
Talese sobre Nova York, Robson discute a viabilidade de se fazer novo jornalismo
nos dias hoje. A banca avaliadora, composta pelos professores Jacques Mick e
Felipe Soares, argüiu de forma rigorosa, fazendo inúmeras objeções quanto ao
rumo do trabalho.Mesmo assim, a nota foi 8,5 e o texto será disponibilizado na
biblioteca. Na ótica do orientador, Silvio Melatti, “o texto deve ser lido pelo
que tem de inovador em sua proposta”. E, quanto à avaliação da banca, ele
prefere não entrar no mérito da questão.
Na defesa do trabalho da aluna de publicidade Juliana Dotta, na terça-feira,
dia 8, uma manifestação inusitada da platéia gerou um clima de constrangimento
na sala. Ao estender-se um pouco na sua fala (detalhe: o orientador não
estabeleceu limite de tempo para as argüições) o professor Álvaro Dias foi
interrompido com um “acabou o tempo”, antecedido de uma imitação de som de
campainha. O avaliador parou de argumentar imediatamente e mostrou-se incomodado
com a atitude. O orientador do trabalho e coordenador do curso de publicidade e
propaganda, Pedro Ramirez, diz que “a interrupção não comprometeu a avaliação,
mas transtornou a banca”.
Nas outras defesas, tudo ocorreu como de costume, com exceção do caso da
aluna de publicidade Vanessa Lopes, que, devido ao horário (15 horas),
apresentou sua monografia para três pessoas: a orientadora e os dois
avaliadores. A temporada de apresentações encerra no próximo sábado, com o
trabalho “Kalunga: um outro paradoxo”, de Karine Kavilhuka, às 10 horas. O
orientador é Felipe Soares e a banca de professores será composta por Álvaro
Dias e Jacques Mick.