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Matéria 2442, publicada em 14/08/2006.


:Álvaro Diaz

Casa cheia na defesa de Betina Weber

Defesas inusitadas geraram amplas discussões

Tiago Luis Pereira


A temporada de defesas de monografia do novo semestre está quase acabando. Dez, de acadêmicos de publicidade, foram apresentadas em julho e, das outras 11 que restavam, apenas o da aluna de jornalismo Karine Kavilhuka ainda não foi à banca. Se comparado a semestres anteriores, este teve um número reduzido de apresentações. Em compensação, alguns trabalhos trouxeram inovação na proposta expositiva e de conteúdo, atraindo a atenção do público e gerando discussões acaloradas.

Na sexta-feira, dia 11 de agosto, a aluna de jornalismo Betina Weber defendeu seu ensaio monográfico ousadamente intitulado “Morri”, no qual ela discute a questão da morte num tom poético e literário, pautada em autores como Agamben, Blanchot e Foucault. O tema e a abordagem, um tanto quanto inusitados, despertaram a curiosadade do público, que lotou a Deutsch Schule. Apesar dos argüidores Pedro Russi e Caco Santos ( Unisul) terem ficado “plenamente satisfeitos” com o texto e com a apresentação (a ponto de darem nota máxima) houve quem estranhou a “não-defesa” do trabalho – Betina utilizou seus vinte minutos de fala para a leitura de uma carta de autoria dela mesma. “Achei que ela não mostrou a que veio. Esperava que a apresentação fosse além de uma simples leitura”, diz o aluno de jornalismo Roelton Maciel. Betina argumenta que a idéia foi discutida com seu orientador, Felipe Soares, e que “a monografia é apresentada para a banca e não para o público, sendo assim, tendo em vista o tema escolhido, nada melhor do que uma carta de despedida”.

Não menos ousada foi a proposta de Robson Silva, que apresentou seu trabalho no sábado, dia 12. Também em forma ensaística e literária, ele promove um encontro fictício entre três grandes nomes do novo jornalismo (Tom Wolfe, Gay Talese e Joel Silveira) no Anthurium Parque Hotel, em Joinville. Com esse pano de fundo e acrescentando um perfil da cidade que remete aos textos de Talese sobre Nova York, Robson discute a viabilidade de se fazer novo jornalismo nos dias hoje. A banca avaliadora, composta pelos professores Jacques Mick e Felipe Soares, argüiu de forma rigorosa, fazendo inúmeras objeções quanto ao rumo do trabalho.Mesmo assim, a nota foi 8,5 e o texto será disponibilizado na biblioteca. Na ótica do orientador, Silvio Melatti, “o texto deve ser lido pelo que tem de inovador em sua proposta”. E, quanto à avaliação da banca, ele prefere não entrar no mérito da questão.

Na defesa do trabalho da aluna de publicidade Juliana Dotta, na terça-feira, dia 8, uma manifestação inusitada da platéia gerou um clima de constrangimento na sala. Ao estender-se um pouco na sua fala (detalhe: o orientador não estabeleceu limite de tempo para as argüições) o professor Álvaro Dias foi interrompido com um “acabou o tempo”, antecedido de uma imitação de som de campainha. O avaliador parou de argumentar imediatamente e mostrou-se incomodado com a atitude. O orientador do trabalho e coordenador do curso de publicidade e propaganda, Pedro Ramirez, diz que “a interrupção não comprometeu a avaliação, mas transtornou a banca”.

Nas outras defesas, tudo ocorreu como de costume, com exceção do caso da aluna de publicidade Vanessa Lopes, que, devido ao horário (15 horas), apresentou sua monografia para três pessoas: a orientadora e os dois avaliadores. A temporada de apresentações encerra no próximo sábado, com o trabalho “Kalunga: um outro paradoxo”, de Karine Kavilhuka, às 10 horas. O orientador é Felipe Soares e a banca de professores será composta por Álvaro Dias e Jacques Mick.

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