A aula acaba. O acadêmico guarda seu material na mochila, dá 54 passos atravessando o corredor que liga a sala C21 até as escadas do bloco C. Ele desce 20 degraus até chegar ao térreo. Se escolher o caminho principal, corta a frente da Igreja da Paz, cruza o estacionamento e sai da faculdade com 140 passadas rápidas. Ou passa pelo pé de jambolão, pela frente da cantina, tangencia o Deutsch Schule e, após desviar dos vários carros estacionados na frente da igreja, chega à Princesa Isabel com 16 passos a mais do que no trajeto anterior. Cena rotineira — ao menos para a maioria dos estudantes —, não fosse o fato de o acadêmico estar carregando consigo um datashow furtado. Versão fictícia ou não, o que se sabe é que alguém saiu do campus no dia 20 de março carregando um projetor multimídia e não se tem idéia de quem possa ser o suspeito.
Uma sala de aproximadamente 60 metros quadrados, com 45 cadeiras e carteiras vagas, assim como a escrivaninha do professor. Nela, um computador e os dois cabos que deveriam estar conectados ao aparelho extraviado. Foi assim que o operador do sistema audiovisual da noite, Jaílson Senem, encontrou a sala C21 na última segunda-feira, quando chegou para fechá-la às 22h20. O Sony VPL-DS100 — estimado em R$ 4 mil — custou em torno de R$ 4.500 na época de sua aquisição e, para pesar dos alunos e dos professores, não há previsão de quando será adquirido um novo projetor. “É muito fácil assim”, diz o funcionário Fernando Von, “os aparelhos somem e a instituição compra outro para suprir”. Ele fez referência ao caso do ano passado, quando sumiu um DVD player e o Bom Jesus/ Ielusc comprou outros dois.
Maior do que o prejuízo financeiro é a crítica de alguns funcionários aos professores. Evitando colocar a culpa em alguém, Jaílson comenta sobre o descaso dos professores: “Alguns saem da sala no fim da aula e não apagam as luzes, não desligam o ar condicionado”. Para ele, assim como para o chefe da vigilância, Neri Pereira, o ideal seria que cada professor ficasse com a chave da sala que vai utilizar e a devolvesse ao terminar a aula. Neri ainda acrescenta a idéia de fixar os aparelhos na sala de aula, de modo que não pudessem mais ser afanados. Porém, na noite de quarta-feira (22 de março) a professora Ligia Zucoloto telefonou para que alguém fosse pegar o DVD player que havia utilizado em aula, e mesmo assim o responsável pelo serviço, perto do fim do expediente, não foi até a sala retirar o aparelho. O DVD só foi recolhido às 16 horas do dia seguinte.
O VPL-DS100 é um aparelho que pesa cerca de 3 quilos. A sua lâmpada pode durar até 3.000 horas — coisa difícil de ser encontrada nos aparelhos da categoria. Apresenta nitidez suficiente para visualização até em ambientes com certa claridade. Somado ao prejuízo financeiro está o transtorno que o furto acarretou: professores tiveram que cancelar suas aulas, alguns tiveram que mudar o seu planejamento e os acadêmicos, também prejudicados, perderam um equipamentos de grande ajuda na dinâmica de aprendizagem.
Para completar a fase de má sorte no Ielusc, sumiram algumas pastas do servidor “público_jor” da rede Bonja. Algum desavisado, desatento ou malfeitor deletou as pastas que começavam com as letras “a” e “b”. As investigações preliminares não encontraram nenhum vínculo entre os dois casos.
Felizmente, antes de darmos o ponto final nesta matéria, recebemos a informação de que o administrador de redes Jean Rafael Schulz localizou o backup do dia 18 de março, que poderá restaurar os arquivos deletados.