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Matéria 0942, publicada em 02/03/2005.


Pesquisa sobre investigação aborda tema adormecido

Vanessa Bencz

                      Nenhum ramo da comunicação possui uma procedência tão árdua e reticente como a do jornalismo investigativo. Ele envolve crime, vítima, acusado e testemunha, que dificilmente confluem em suas declarações, e é provável que a verdade sobre o fato ocorrido nunca seja atingida. Além de ser um campo delicado e que exige muita atenção (assemelhando-se às vezes a um quebra-cabeça), a investigação carece de conceitos e parâmetros quanto ao que vem a ser efetivamente o jornalismo investigativo. Pensando nisso, Andressa Pereira, estudante de Jornalismo do Ielusc, preparou sua monografia com embasamento nessas hesitações e num acontecimento polêmico estampado nas páginas de jornais: o caso Juliana.

Em 2003, a estilista Juliana da Silva Souza de Jesus estava grávida de nove meses, com a cesariana já marcada. Encaminhava-se para a manicure, quando desapareceu sem dar notícias. Três meses depois, a polícia a encontrou, sem o filho. A moça alegou uma gravidez psicológica e admitiu ter “medo de agulhas”, mas ainda assim recebeu voz de prisão. A situação gerou muita polêmica. O marido e o médico se envolveram, e o caso ficou em aberto.

Intrigada com a misteriosa história, Andressa a transformou em reportagem publicada no jornal laboratório Primeira Pauta e, sob a sugestão do professor de Redação Álvaro Larangeira, tomou o fato como tema para o projeto de conclusão de curso. A acadêmica refez todo o trajeto de Juliana, até a cidade Campo Mourão (PR), onde a fugitiva permaneceu escondida. Quando já estava com a pesquisa avançada, Andressa recebeu ameaças de Juliana, mas logo a estilista anunciou que só queria “conversar”. A estudante prosseguiu com o projeto acadêmico, e, em 2 de março, às 19 horas, no Anfiteatro do Ielusc, ocorrerá a apresentação de sua monografia. Na banca estará a professora de Produção e Difusão em Meios Impressos II Imara Stallbaum e o coordenador do curso de Jornalismo, Samuel P. Lima. A pesquisa é intitulada “Uma monografia-reportagem: O exercício do jornalismo investigativo no caso Juliana”.

Através do caso Juliana, o projeto vai abordar alguns dos conceitos do jornalismo investigativo, como por exemplo, seu caráter inacabado, sua ausência de resolução e a falta de elucidações. “As reportagens investigativas não são cíclicas como as reportagens usuais, que possuem o caráter gradativo de nascer, crescer e morrer. As investigações geralmente não têm um ponto final definido, ficam sem desfecho”, explica o professor Larangeira, também orientador do projeto. Ele acha provável que a própria Juliana apareça durante a apresentação. “Isso vai dar muito o que falar”, prevê Larangeira.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.