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chamadas

Matéria 0941, publicada em 28/02/2005.


Aluna estuda mudanças editoriais na Vogue Brasil

Amcle Lima

A morte do jornalista Andrea Carta na madrugada de 16 de setembro de 2003 provocou inúmeras mudanças editoriais na revista Vogue Brasil, da qual era diretor. Sua irmã, Patrícia Carta, assumiu o comando e promoveu inovações na publicação a partir da primeira página. As chamadas discretas de Andrea deram lugar a capas cheias de manchetes promovidas pela nova diretora. “Quando eu vi a primeira edição da Patrícia fiquei decepcionada”, afirma Camila Morales, estudante de jornalismo, leitora da revista há três anos e agora pesquisadora. “Devia ter alguma coisa que pudesse explicar aquilo”, diz ela referindo-se as mudanças e ao que lhe impulsionou produzir a monografia: “O contrato de leitura da revista Vogue Brasil”.

Foram 12 publicações estudadas por comparação através de referências temáticas (moda verão, primavera, cidade do Rio de Janeiro etc), no período de setembro de 2002 a outubro de 2004, sendo seis edições para cada diretor. “Ela geralmente copiava as idéias do Andrea”, menciona Camila sobre a linha editorial de Patrícia Carta. Segundo a estudante, Vogue é uma revista voltada para um público “classe A”. A aluna diz ainda que com as modificações implementadas a revista perdeu a “identidade”, ficando parecida com os demais veículos impressos de moda no Brasil (Claudia, Nova, Marie Claire etc). Dessa maneira Vogue passou a promover um outro “pacto com seu leitor”, afirma Camila. “A revista adotou uma linha mais comercial em busca de um público maior”, completa ela.

Em sua análise a estudante utilizou principalmente o conceito de “contrato de leitura” do teórico argentino Eliseo Veron. “Os veículos de comunicação, mais precisamente as revistas, criam uma interação com seus leitores através de um Contrato de Leitura, que é a forma como a publicação se apresenta ao seu público”, comenta Camila no resumo de sua monografia. Assim sendo a aluna observou como cada diretor de Vogue promoveu diferentes estratégias para implementar um “pacto” com o leitor.

Andrea Carta caiu da janela do quinto andar do apartamento de seu amigo de infância Rogério Fasano. Ele estava bêbado e ameaçava se atirar. A polícia descartou a possibilidade de homicídio. Carta andava deprimido e reclamava de problemas pessoais e profissionais: desde que assumira a direção de Vogue a revista não obtinha lucro.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.