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Matéria 9851, publicada em 23/06/2010.


Academias da melhor idade crescem em Joinville e se expandem pela região

Ana Luiza Abdala e Eduardo Schmitz


Preste atenção que eles estão por todos os lugares e já fazem parte da paisagem urbana em grandes centros como Joinville. É cada vez mais comum ver idosos se exercitando, buscando garantir sua qualidade de vida. Com a implantação do programa batizado de Academia da Melhor Idade (AMI) nas praças da cidade, em 2007, a prática de exercícios físicos tomou corpo e passou a ser acessível a outros grupos de pessoas. As academias fizeram o maior sucesso. Tanto que, em alguns locais, recebem frequentadores que fazem uso desses equipamentos públicos diariamente. O resultado positivo da experiência continua sendo relevado. Ao todo, já são 20 academias, e outras duas em fase de conclusão.

A inauguração mais recente foi no bairro Jardim Iririú, na rua Rocha Pombo, no dia 12 de junho. O investimento de R$ 34 mil foi uma escolha da própria comunidade que participou das plenárias do Orçamento Participativo, organizadas pela prefeitura para definir a finalidade de verbas públicas destinadas aos bairros. Recentemente, a praça da rua Vice-Prefeito Luiz Carlos Garcia, no Costa e Silva, foi inaugurada com os equipamentos da AMI. A Praça do Calceteiro, no bairro Boa Vista, perto da Ponte do Trabalhador, está em obras, e em breve deve receber a academia da melhor idade. Os resultados positivos do projeto em Joinville servem de incentivo para cidades da região. Em breve, praças das cidades de Jaraguá do Sul e Guaramirim serão transformadas em academias para idosos. O sistema de gestão nessas cidades será idêntico ao daqui. Os equipamentos são cedidos pela Unimed e a manutenção é responsabilidade da prefeitura.

Em Joinville, a coordenação dos trabalhos é da Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville (Felej). Esse órgão ainda tem a responsabilidade de contratar os instrutores.No Bom Retiro, os moradores já contam com uma academia na Praça Assis Brasil, inaugurada em fevereiro de 2008. Por ali, não são só os vovozinhos que utilizam o espaço. O movimento começa cedo, por volta das 6h. Os frequentadores contam com uma instrutora, à tarde, embora o período de uso mais intenso seja pela manhã. Algumas pessoas preferem ir à praça depois do trabalho, pois têm a liberdade de escolher o melhor horário para os exercícios, diferentemente de academias tradicionais.

Uma reclamaçao é que a ausência de um instrutor pela manhã prejudicaria o rendimento dos exercícios, principalmente pela falta de direcionamento na etapa do alongamento. No horário da tarde, a instrutora não tem lá muito trabalho, pois a frequencia diminui bastante.

A coordenadora de recreação da Felej, Janaína Conceição, atribui o problema a dificuldades de contratação. Os profissionais de educação física trabalham em caráter de estágio e com contratos anuais. Segundo a coordenadora, em breve, o acompanhamento dos exercícios deve estar regularizado em todas as praças.

A aposentada Ivone Krainsqui Padilha, 60 anos, que já foi cliente de academias, vai à Praça Assis Brasil desde a inauguração e pratica exercícios por causa da saúde. “Se eu não faço, tenho dores nos joelhos e nas costas”, diz. Ivone lamenta que, à noite, usuários de drogas ficam no local e praticam vandalismo nos equipamentos.

Donaldo Alano, aposentado, 55 anos, começou a frequentar a praça na metade de abril e vai a cada dois dias. Antes, utilizava a academia situada na Praça Dario Salles, no Centro, quando fazia caminhadas até lá. Com o problema da retirada dos equipamentos sempre que havia algum evento da prefeitura, decidiu se exercitar em outro lugar, mais perto de casa. O aposentado, que jogava futebol até o ano passado, escolheu as praças para não ficar sem praticar atividades físicas. “Se não fosse a praça, provavelmente não iria para outra academia, no máximo faria caminhadas”, afirma Donaldo.

O ambiente é sempre descontraído. Além dos exercícios, a praça acaba se tornando o local de encontro. As conversas variam de algum conhecido precisando de emprego a reclamações sobre a prefeitura. O clima de amizade envolve a todos. Mesmo contentes com a iniciativa, os participantes cobram melhorias na estrutura, como a instalação de mais equipamentos. Como algumas pessoas usam os dois simuladores de caminhada por mais de uma hora, outras chegam e vão embora sem poder utilizá-los. A falta de uma cobertura é reclamação geral. Existem algumas árvores que amenizam o sol, mas a maior parte do local fica exposta. Segundo a coordenadora da Felej, algumas reivindicações alterariam a proposta inicial das AMI. “Se os locais tivessem uma cobertura, perderiam o caráter de praça”, afirma. Quanto à ampliação do número de equipamentos, Janaína explica que, com a inauguração de outras academias na região, o projeto prevê que os frequentadores se espalhem para outros locais. No entanto, não há planejamento de ampliação das academias já em funcionamento.

A prática de exercícios requer uma avaliação prévia da saúde física, até mesmo para jovens. Também para evitar acidentes mais graves, é necessária uma orientação correta. Segundo a educadora física Tamara Chaves, os equipamentos são mesmo para os idosos, mas eles nem sempre sabem como usar corretamente e acabam se prejudicando, pela falta de um professor. “Normalmente nesses lugares não tem ninguém para instruir, então as pessoas fazem os exercícios de qualquer jeito, sem ver resultados”, afirma. Ela também diz que os alongamentos antes dos exercícios são fundamentais. Evitam lesões, aumentam a flexibilidade e ajudam a obter um resultado mais rápido.


*A matéria foi desenvolvida para a disciplina de Redação 3, sob orientação do professor Guilherme Diefenthaeler.

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