Revi Bom Jesus/Ielusc

>>  Joinville - Sábado, 12 de outubro de 2024 - 12h10min   <<


chamadas

Matéria 9569, publicada em 27/04/2010.


:Rogério da Silva

Unidade joinvilense deverá ter sede na antiga Piazza Itália

Instalação do Liceu de Artes encontra oposição de artistas

Eduardo R. Schmitz



Desde a confirmação da vinda da Escola de Belas Artes de Florença para Santa Catarina, a comunidade artística regional tem tomado medidas de repúdio à iniciativa. Os artistas defendem que o investimento público em cultura deveria ser debatido primeiro com a sociedade, para entender suas demandas. Entre as principais ações estão a circulação de um abaixo assinado e a criação de um grupo de discussão para divulgar a campanha.

A definição da vinda da escola aconteceu durante viagem do ex-governador Luiz Henrique da Silveira à Itália, em janeiro de 2010. O projeto será implantado inicialmente em Joinville, para depois ser estendido a outras quatro cidades do estado. As aulas serão gratuitas, voltadas a estudantes de nove a 15 anos. O nome da escola, de acordo com o convênio proposto, será Liceu de Artes.

O local escolhido para sediar o Liceu em Joinville a Piazza Itália, imóvel de propriedade da família Bogo, reconhecidos empresários do transporte coletivo. A estrutura física do prédio deverá sofrer adaptações para receber a escola e tanto as obras de adequação quanto o aluguel mensal devem ser pagos pelo governo do estado.

Após a assinatura do convênio com a instituição italiana, Luiz Henrique disse em entrevistas que o projeto será baseado no modelo da Escola Bolshoi. Comparações como essa deixam os artistas regionais preocupados com a difusão de uma cultura eurocêntrica e a sugestão apresentada pelo grupo de discussão é de que se deveria investir mais no desenvolvimento da cultura e dos valores da região. Uma boa alternativa apontada seria estender o Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina (Ceart/Udesc) para outros campi da instituição como Joinville e Lages.

Para Jaqueline Cisne, estudante de Teatro na Udesc, em Florianópolis, decisões como essa servem apenas para Luiz Henrique se vangloriar. “O movimento em arte já superou faz muitos anos esse molde, não é à toa que somente tenha uma”, afirma Jaqueline a respeito da existência de apenas uma filial da Escola de Teatro Bolshoi no mundo. A estudante também comenta que em instituições desse tipo há uma imposição de ideias quanto aos padrões de beleza e gosto, deslocando o artista do seu contexto social. Para ela, a parceria com a escola italiana é só mais um reflexo do governo de LHS: “A escola de Florença não é o problema central, ela é a ponta de um iceberg”, avisa.

A previsão inicial era de que a manutenção do projeto e do convênio com a Escola de Belas Artes de Florença fosse feita pela Universidade da Região de Joinville (Univille), mas devido à possibilidade de trazer o Ceart para cidade, a gestão será da Udesc. Essa alteração acabou atrasando em aproximadamente dez dias o cronograma de implantação. Quando a escola completar um ano, o custo de aluguel – estimado em R$ 30 mil – também deverá ser bancado pela universidade estadual.

Em artigo publicado no jornal Diário Catarinense em 27 de março, o secretário de Articulação Internacional do Governo do Estado Vinicius Lummertz apresenta uma defesa do convênio. Ele cita parcerias do estado com outros países, como a concessão de bolsas de estudos na Udesc para estudantes do Zimbábue e o esforço de integração com Argentina e outros países do Mercosul para apoio do ensino da língua espanhola.

800x600. ©2005 Agência Experimental de Jornalismo/Revi & Secord/Rede Bonja.