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Matéria 9502, publicada em 09/04/2010.


:Eduardo R. Schmitz

Participantes conheceram estudos feitos sobre povos pré-históricos

Jornadas em Arqueologia discute a pesquisa em sambaquis

Eduardo R. Schmitz



Profissionais da área, pesquisadores, estudantes de diversas habilitações e curiosos por arqueologia participaram, durante quatro dias, dos seminários científicos promovidos pelo corpo técnico do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ). A intenção dos seminários que aconteceram entre 6 e 9 de abril, abrindo a programação do projeto Jornadas em Arqueologia era, inicialmente, propor uma discussão crítica de textos teóricos, embora o perfil do grupo participante do evento sugerisse uma abordagem mais didática para os encontros – que aconteceram na parte da manhã no auditório do MASJ e tiveram seu encerramento nas escavações do sítio arqueológico de sambaqui Cubatão I, em uma visita de campo.

Oito temas principais foram desenvolvidos durante o seminário. As abordagens procuraram sempre manter uma relação com a situação e os resultados das pesquisas já obtidos na região de Joinville, com destaque para o projeto Cubatão I que, mesmo concebido há mais tempo, vem sendo trabalhado através de escavações somente a partir de 2007. Esse sítio arqueológico recebe uma atenção especial dos pesquisadores por conter vestígios de estruturas vegetais preservados em sua base – um fato raro – e por estar sofrendo rápida erosão pela ação do rio.

Para a etapa inicial das Jornadas em Arqueologia foram sugeridos assuntos mais introdutórios, temas que se abrem a uma série de abordagens interdisciplinares e que deverão ser aprofundados em etapas posteriores do projeto. No primeiro dia de seminário foram apresentados alguns conceitos de arqueologia, ilustrados por exemplos e situações práticas relacionadas ao projeto Cubatão I. Nos dias seguintes, os temas abordaram estudos sobre a formação dos sambaquis, sua paisagem, seus esqueletos, sua respectiva fauna e sobre as mais diferentes hipóteses de interpretação cultural sugeridas pelos artefatos humanos encontrados nesses sítios (foto, abaixo).


Sendo uma atividade aberta para o público em geral, participaram dos seminários pessoas com diferentes formações, entre eles alunos de História da Universidade da Região de Joinville (Univille) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professores de Biologia e História, geógrafos, biólogos e comunicadores, estimulando uma interação entre profissionais de outras áreas com a arqueologia. Para Fernanda Codevilla Soares, doutoranda em Arqueologia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Ouro (UTAD), de Portugal, abrir espaço para ouvir outras opiniões – inclusive de leigos no assunto – foi um dos pontos mais positivos do evento. Na avaliação da arqueóloga do MASJ e coordenadora do seminário Dione da Rocha Bandeira, o encontro foi válido por revelar que há um público interessado em aprender mais sobre o assunto.

Ao final do seminário, os participantes sugeriram abordagens que devem dar continuidade às Jornadas em Arqueologia e pontuaram os problemas mais evidentes para o desenvolvimento do pensamento científico e das pesquisas na área. O grupo lamentou a falta recursos para realizar projetos interdisciplinares mais detalhados, principalmente na baía da Babitonga, que possui um grande potencial para fornecer novas informações sobre o homem sambaquiano. A falta de profissionais interessados em graduar-se e especializar-se em Arqueologia também foi detectada, além da ausência de cursos direcionados para essa área, principalmente em Santa Catarina.

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