Revi Bom Jesus/Ielusc

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Matéria 9270, publicada em 11/02/2010.


:Divulgação/AEP

Projeto aberto à comunidade está sem coordenadores

Clube de Cinema do Ielusc tem futuro incerto

Mayara Silva e Gleber Pieniz



Acadêmicos de Jornalismo com uma paixão em comum e uma ideia na cabeça criaram, em agosto de 2007, o Clube de Cinema do Bom Jesus/Ielusc. O projeto nasceu com caráter experimental e a intenção de exibir gratuitamente filmes ignorados pelo circuito comercial na cidade. Quase três anos depois de sua fundação, as sessões do Clube de Cinema fazem parte não só da programação do final de semana dos alunos da Comunicação Social, mas também da comunidade joinvilense: tornou-se público que, nos períodos letivos, aos sábados, sempre às 19 horas, no anfiteatro da unidade Centro, os estudantes exibem um filme acompanhado de debate.

No final do ano passado, o estudante de Jornalismo Jean Almeida comunicou pessoalmente à coordenação do curso de Jornalismo que, por motivos pessoais, não estaria mais à frente do projeto em 2010. Nos meses anteriores, Jean havia sido o único aluno a se responsabilizar pela seleção dos filmes e pela organização das sessões que exibiram, entre outras produções independentes, Gummo, de Harmony Korine (foto, abaixo). Na quinta-feira (11 de fevereiro), disse à Revi que está disposto a ajudar no que for necessário, mas revelou estar sem ânimo e incerto sobre a própria disponibilidade para continuar na coordenação do Clube. O fato é que as aulas reiniciaram sem programação de filmes definida e uma dúvida que começa a tomar corpo entre alunos e professores: o Clube de Cinema vai acabar?


Frente à desistência de Jean, a deriva do Clube de Cinema foi um dos assuntos debatidos durante a reunião pedagógica para a preparação do semestre que aconteceu nos dias 2 e 3 de fevereiro, quando os professores decidiram levar sua preocupação aos alunos e estimulá-los a retomar as discussões sobre a pertinência do projeto. Coordenador do curso de Jornalismo, Sílvio Melatti diz que alguns dos pontos que devem ser definidos com rapidez é o apoio da direção ao Clube de Cinema e os vínculos institucionais que precisam ser mantidos com os novos responsáveis pelas sessões de sábado – o Ielusc cede o anfiteatro e o equipamento para as exibições, além de garantir a criação e a produção de cartazes para a divulgação da programação através da Agência Experimental de Propaganda (AEP).

Se depender do Diretório Acadêmico Cruz e Sousa da Comunicação Social (Dacs), o Clube de Cinema continuará em atividade. Segundo o estudante Clayton Felipe, a chapa diretora recém-empossada tem o desejo de assumir a coordenação do projeto, desde que a ideia seja unanimidade entre os integrantes do Diretório. “Temos interesse, sim, até porque o Dacs e o Clube de Cinema têm tudo a ver”, disse o diretor, lembrando que tanto uma quanto a outra instância dizem respeito aos alunos. Uma das ideias que começam a ser consideradas pelos novos integrantes do Dacs para retomar as sessões de sábado é promover algum evento que anteceda a exibição do filme e, assim, atrair um público maior e mais diversificado.

Origens

O Clube de Cinema do Bom Jesus/Ielusc foi criado a partir do interesse de alguns alunos de Jornalismo que, aficcionados pela sétima arte, estavam dispostos a assistir e a debater bons filmes fora dos horários de aula, em qualquer lugar que oferecesse condições. Para isso, procuraram o apoio da coordenação do curso, à época ocupada por Samuel Pantoja Lima, o Samuca, que designou os professores Silnei Soares e Gleber Pieniz para ouvir e atender as demandas do grupo. Numa manhã de sábado, em agosto de 2007, os professores reuniram-se com os estudantes Ciro Schmitz, Tiago Santos, Jean Almeida, Charles França, Ariane Olsen, Clayton Felipe e Francine Hellmann e decidiram ocupar o anfiteatro da instituição com uma programação semanal que teve início com a exibição e a discussão de O iluminado (foto, abaixo), dirigido por Stanley Kubrick. A sessão de estreia foi pouco divulgada e restringiu-se ao grupo organizador, acompanhado de poucos amigos e familiares – marcando o caráter experimental do projeto que, à medida que ia amadurecendo, foi ganhando ciclos temáticos e uma divulgação mais eficiente.


Futuro

Baseado na interpretação de que o Clube de Cinema tem um caráter mais comunitário do que institucional, Jean Almeida acredita que ainda possa participar do projeto, mesmo estando afastado das aulas nesse semestre. O ex-coordenador lembra que desde o ano passado vem procurando colegas com quem compartilhar tarefas e responsabilidades. “A ideia pra 2010 é formar um grupo de alunos para dar a cara ao Clube de Cinema e eu atuaria como um colaborador, ainda que demasiadamente presente”, diz Jean, na expectativa de que pelo menos um pequeno grupo de alunos esteja disposto a assumir o planejamento e a condução das sessões, bem como representar o clube perante à instituição – já que é necessário fazer a reserva do anfiteatro, além de operar e zelar pelos equipamentos de som e de projeção.

Enquanto um novo grupo para coordenar o Clube de Cinema não se forma e as discussões entre os alunos colocam diferentes ideias em pauta, tanto os professores quanto os estudantes avaliam a importância do projeto e tentam definir o conceito mais adequado para a iniciativa. Membro do clube desde a sua criação, o ex-coordenador Jean quer manter-se por dentro do planejamento da programação e aposta em um direcionamento mais autônomo: “Queria fazer uma participação mais para manter a ideia e a concepção 'indie' do Clube de Cinema”, avisa.

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