Ele viajou por todo o Brasil e chama-se Lula, mas não é o Presidente da República: trata-se do cineasta e diretor de fotografia Lula Araújo, que compartilhou a experiência adquirida em tantas viagens durante o Workcine, no último sábado (28 de novembro). Ao longo da palestra sobre direção de fotografia no anfiteatro do Bom Jesus/Ielusc, Araújo lembrou de suas passagens pelo Monte Roraima, por Quixadá (no Ceará), pela favela da Rocinha (no Rio de Janeiro) e pelo pantanal mato-grossense.
Promovido pela Associação de Cinema de Joinville e Região (Acinej), o Workcine ofereceu nove oficinas gratuitas durante os dias 21, 22, 28 e 29 de novembro. Neste sábado, dez horas foram dedicadas ao aprendizado sobre cinema, fotografia e, principalmente, equipamentos. A oficina contou com a colaboração do publicitário Pedro Paiva, que também trabalha como diretor de fotografia. Segundo Paiva, a câmera é somente um instrumento. “Não devemos buscar apenas os lançamentos tecnológicos mas, primeiro, aprender a trabalhar com a luz. A tecnologia não é superior à qualidade”, explicou.
“Este momento em Joinville é importantíssimo”, afirmou Araújo, explicando que iniciativas de formação profissional como o Workcine são importantes para o debate sobre o cinema em Santa Catarina. O cineasta trabalhou na produção do curta-metragem Novembrada, de Eduardo Paredes, filme sobre a reação à visita do presidente Figueiredo a Florianópolis durante a ditadura.
Alceu Bett, presidente da Acinej, definiu Araújo como “desbravador e inventor de equipamentos”, pois nas produções cinematográficas o fotógrafo cria ferramentas úteis a partir de sucata e objetos comuns. “A dificuldade é o motor da improvisação. Você tem que inventar coisas, aprendi muito criando”, rebateu Araújo. Um exemplo que ilustra essa habilidade foi dado quando, em um de seus trabalhos, Lula disse ter construído refletores a partir de de tigelas indígenas. “O sol é o nosso grande refletor. Nós trabalhamos com a luz de deus”, disse, sem nenhuma referência religiosa.
Segundo Araújo, cabe ao diretor de fotografia dirigir as gravações no cinema, pois ele é o “olho do diretor”. Ele trabalha há 35 anos na área de comunicação audiovisual e, no currículo, traz filmagens aéreas em avião ou balão e participações na produção de comerciais, documentários, jornais, musicais institucionais, novelas, seriados, longas e curtas-metragens. Atualmente, atua como câmera da Rede Globo no programa A grande família. “[O seriado] é um trabalho superacadêmico”, garantiu.