Além de vir a Joinville para falar aos artistas sobre grafite e intervenções na paisagem urbana, no sábado, o paulista Alex Hornest, 37 anos, presenteou a cidade com um painel ilustrado nos muros da Cidadela Cultural Antarctica na manhã de sexta-feira (30 de outubro). Ambas as ações fazem parte do projeto Articidade, que visa a levar a arte para as ruas e está na sua segunda edição.
Esta é a quarta visita que o artista faz a Joinville: nos anos anteriores, ele fez intervenções no muro do Lar Abdon Batista e em uma parede da rua Visconde de Taunay. “[Joinville] tem muito espaço e está pedindo isso”, disse. Antes de viajar para Belo Horizonte, seu próximo destino, ele pretende registrar seus desenhos em outros locais da cidade além do painel da Cidadela Cultural.
No sábado, a partir das 15 horas, Hornest apresenta a palestra “A transformação do meio” no Anexo 1 da Cidadela. O artista falará sobre suas experiências em 20 anos de profissão e discutirá a relação entre as cidades, os habitantes e o grafite. O evento é gratuito.
Hornest trabalha no máximo com três cores. “Tem artistas que enganam muito, mesclam muito as cores. Eu me concentro nos traços”, explicou. Antes de começar o trabalho, ele conhece o espaço e a cidade para que o local e a obra tenham relações entre si. Ele já expôs em Portugal, na Espanha, na Itália, nos Estados Unidos e na Holanda, de onde acaba de retornar. O grafiteiro seleciona os eventos que participa de acordo com seu planejamento profissional.
Além do grafite, Alex trabalha com pintura em telas, escultura e produção de vídeo. Começou a ilustrar na infância e iniciou-se no grafite aos 17 anos – o filme Beat street despertou seu interesse pela arte e o norte-americano Berry Mcgee é um dos seus grandes nomes de referência. Depois disso, aprendeu a técnica observando e pegando dicas com os amigos. Atualmente, recebe convites para exposição e também vende seus trabalhos em galerias. Segundo Hornest, grafite é puro vandalismo. “Isso é a essência do grafite”, explica, lembrando que faz as intervenções urbanas sem permissão dos proprietários de prédios, casas e muros. “Aqui estou fazendo um painel com autorização”.
O projeto Articidade foi contemplado pelo Edital de Apoio às Artes da Fundação Cultural de Joinville e recebeu apoio da Conurb, que cedeu o muro para a ação de Hornest. Ele iniciou a obra na manhã de sexta-feira, com pincéis, tintas e sprays comprados no comércio local. Para Alena Marmo, produtora e curadora do Joinville Articidade, a vinda de Hornest para Joinville tem grande importância. “A ideia não é institucionalizar o grafite, senão ele morre, mas dar visibilidade e provocar”, disse ela. Neste ano, o Articidade dá atenção aos artistas que produzem grafite e stickers (adesivos), que já estão em confecção. Nas edições anteriores, os artistas selecionados trabalharam com outdoors e sacolas plásticas.