Após conseguir o número mínimo de assinaturas para a instalação da
Frente Parlamentar em defesa da exigência do diploma para registro profissional
de jornalismo, a deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM) lançou oficialmente o
projeto no dia 23 de setembro e obteve, segundo apuração da Revi, a
simpatia de grande parte dos deputados catarinenses. A medida busca discutir com
parlamentares e com a sociedade a importância do diploma para o exercício da
profissão. Eram necessárias 198 assinaturas de senadores e deputados para a
criação da frente e até a data da apresentação já haviam sido coletadas
208.
O lançamento da Frente Parlamentar estava previsto inicialmente para
o dia 16 de setembro, mas por indisponibilidade de local a data foi adiada. O
evento foi então realizado na sala VIP do Restaurante Senac, às 8h30, no 10º
andar do Anexo 4 da Câmara dos Deputados.
“O fim do diploma como
exigência para o registro profissional do jornalista é, por tudo o que me
relataram, um grande retrocesso”, disse a deputada em artigo publicado no jornal
Diário do Amazonas, inspirada pela visita que recebeu de membros do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Amazonas (SJPAM). “A Frente
do Diploma vai lutar para que volte a exigência, dentro das normas preconizadas
pelos ilustres senhores ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)”, completou
Rebecca.
A Frente Parlamentar visa a resolver da melhor maneira possível
as questões pertinentes ao diploma. Há também a intenção de conciliar o impasse
entre os jornalistas formados – que defendem a exigência da formação superior –
e os jornalistas provisionados por notório saber que, mesmo sem diploma,
contribuem para o jornalismo brasileiro.
A primeira atitude tomada pela
Frente Parlamentar foi reunir-se já na tarde do dia 23 com o presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, deputado Tadeu
Filippelli (PMDB-DF), para solicitar prioridade na votação do relatório da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC 386/09), do deputado Paulo Pimenta
(PT-RS), que prevê a obrigatoriedade do diploma. Em seguida, a frente marcou
audiência com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer, solicitando a
instalação da Comissão Especial para analisar a PEC 386/09 assim que ela for
aprovada na CCJ e, com a mesma urgência, também agendou audiência de seus
membros com o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Por fim, aprovou e
organizou um seminário que deverá acontecer em meados de outubro para debater o
tema e designar 27 deputados para representarem a Frente Parlamentar em cada
estado brasileiro.
Panorama catarinense
A posição dos
deputados federais de Santa Catarina com relação à frente traz esperança aos
defensores do diploma de jornalismo. Dos 12 parlamentares consultados pela
Revi, apenas dois ainda não adotaram postura favorável à exigência de
formação superior para o exercício da profissão. “Não tenho opinião formada,
pois o tema ainda não foi discutido em bancada”, explicou Fernando Coruja (PPS).
Curiosamente, o outro deputado catarinense ainda sem posição clara sobre o
assunto é Odacir Zonta, do PP, o mesmo partido da deputada Rebecca
Garcia.
Há deputados que vêem no jornalismo um grande potencial de dano à
sociedade se exercido de maneira errada. “O jornalista opera a complexidade da
sociedade”, afirma Décio Lima (PT). Em defesa do diploma, José Carlos Vieira
(PR) argumenta que sempre há necessidade de regulamentar uma profissão quando
ela necessita de conhecimentos específicos e possa pôr em risco a
sociedade.
Para muitos parlamentares, a decisão tomada pelo Superior
Tribunal Federal (STF) não foi entendida, como diz o deputado Jorge Boeira (PT):
“Não tem cidadão de bom senso que consiga entender essa decisão”. Vieira é outro
exemplo: “Jamais imaginei que o STF pudesse tomar uma decisão dessas”,
completa.
“Uma coisa é um jornalista, outra é um cidadão comum exercendo
essa profissão”, relata João Pizzolatti (PP), sobre a importância do jornalismo
na sociedade. O profissional de imprensa, na visão do deputado, está estimulando
a democracia ao transmitir as informações à população. “Não podemos precarizar
uma das profissões mais importantes na democracia”, disse Décio
Lima.
A posição dos deputados em relação à exigência do
diploma:
Favoráveis:
Acélio Casagrande (PMDB), Angela Amin
(PP), Celso Maldaner (PMDB), Décio Lima (PT), João Pizzolatti (PP), Jorge Boeira
(PT), José Carlos Vieira (PR), Nelson Goetten (PR), Paulo Bornhausen (DEM) e
Valdir Colatto (PMDB).
Sem opinião formada:
Fernando Coruja
(PPS) e Odacir Zonta (PP).
Os deputados Edinho Bez (PMDB), Gervásio Silva
(PSDB), João Matos (PMDB) e Cláudio Vignatti (PT) foram procurados diversas
vezes pela reportagem da Revi, mas não se pronunciaram a respeito do tema
até o fechamento desta matéria.